Para conseguir arcar com dívidas milionárias, o Teresópolis Tênis Clube não descarta a venda do terreno de 17 mil metros quadrados em que se localiza na zona sul de Porto Alegre — ou, ao menos, de parte dele. Nesta semana, foram autorizadas tratativas de negociação da área, com o objetivo principal de “verificar preços e se haveria interessados”, segundo o conselheiro e ex-presidente do clube Luiz Fernando Mello Tarasiuk.
Ele destaca que a venda é uma das possibilidades, que também incluem buscar parcerias com entidades e até mesmo com outros clubes.
— De repente, vender parte cobriria a dívida, e conseguiríamos ainda manter o clube aberto — pondera também.
Tarasiuk refuta boatos de que já tem até negócio fechado:
— Não existe hipótese alguma de vender ou fazer alguma parceria sem assembleia, sem aval dos sócios — ressalta.
O Teresópolis não tem presidente desde o final de 2019. O último renunciou, e não houve candidatos para ocupar o posto na sequência. Um comitê de conselheiros se desdobra para pensar em soluções para salvar o clube.
A dívida está entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, na sua maior parte, tributária. Tarasiuk acredita que esse montante pode até aumentar com a soma de indenizações trabalhistas, e o maior medo é de que o clube vá a leilão.
Nesta semana, o Teresópolis teve a luz cortada por falta de pagamentos, pela segunda vez desde o ano passado. Responsáveis pelas atividades esportivas já procuraram o comitê de conselheiros oferecendo ajuda para religar a energia.
Além de perder receita com eventos e aluguel de espaços em razão da pandemia de coronavírus, o Teresópolis viu também o quadro de sócios minguar nos últimos meses — tem, hoje, cerca de cem sócios pagantes.
Presidente do Sindiclubes RS, Nelson João Heck relata que, de uma forma geral, a situação dos clubes sociais de Porto Alegre não está boa:
— A resposta que eu recebo deles é que não está fácil. Os clubes não conseguiram fazer um caixa extra, uma reserva, para enfrentar um momento como este. Veio a pandemia e piorou a situação deles ainda mais.
Assim como no Teresópolis, o número de sócios da maioria das entidades já vinha caindo nos últimos anos. Heck lembra que o lazer sofre os primeiros cortes no orçamento da família em momentos de crise, e até mesmo a construção de condomínios com ampla infraestrutura acaba impactando no quadro de sócios:
— Outra coisa é que a maioria dos clubes é antiga, e a manutenção é cara. Quanto mais velho o prédio, mais caro fica.
Com as atuais regras de distanciamento, em bandeira preta, as atividades dos clubes sociais foram novamente proibidas.
— Com esse fechamento, vai piorar mais ainda, esperamos que essa bandeira preta dure uma semana apenas — torce Heck.