O novo decreto do prefeito Sebastião Melo, que abranda restrições a atividades na capital gaúcha durante a pandemia, caiu ao gosto de muitos porto-alegrenses, sufocados por um calor que ultrapassa os 34º C neste domingo. Novos protocolos sanitários permitem que piscinas públicas ou em prédios sejam frequentadas por todos os tipos de pessoas, que churrasqueiras e academias de uso comunitário sejam reabertas e que eventos e espetáculos sejam realizados inclusive em ambientes fechados, desde que respeitem limites de ocupação.
Apesar de polêmicas, as regras já estão valendo e o clima abrasador fez com que piscinas e churrasqueiras coletivas atraíssem grande público já nesse primeiro dia de flexibilização. Em duas das sedes do Grêmio Náutico União, um dos maiores clubes de Porto Alegre, centenas de pessoas se atiraram na água. E, no caso da área localizada na Ilha do Pavão, aproveitaram para fazer churrasco à sombra, tendo o Guaíba como paisagem e local para se molhar.
Precauções foram tomadas. O número de visitantes foi limitado a 75% da capacidade e controlado por roletas na entrada. Funcionários passavam pelas mesas embaixo dos guarda-sóis, higienizando o ambiente com álcool. Círculos vermelhos foram pintados no chão, para delimitar espaço entre as espreguiçadeiras. Na piscina os banhistas respeitaram distância. Na sede da ilha, parte das churrasqueiras não foi liberada, para garantir distanciamento.
Nas áreas de uso comum, servidores do clube alertavam quando ameaçava surgir uma aglomeração.
— Tá legal, tá seguro. A gente fica distante uns dos outros, bem diferente do que se vê nas praias. Passamos o fim de semana aqui e não estamos receosos — descreve Mário Levin, funcionário público e sócio do União.
Na Sogipa, outro tradicional clube porto-alegrense, as piscinas já estavam liberadas para uso fisioterápico e agora seu uso será ampliado, gradualmente. Já as churrasqueiras ainda não abriram, porque o uso desses equipamentos ocorre mediante reserva por aplicativo.
O mesmo cenário dos clubes se verificou em prédios Porto Alegre afora. No Residencial Vivaz, um condomínio com mais de 200 apartamentos na Rua Jari (Zona Norte), alguns moradores que não foram para a praia se jogaram na piscina. Com cuidados, como GZH notou. Sem aglomeração. Poucos curtiam a água, uns distantes dos outros.
—A gente acabou de voltar de Bombinhas (SC), estava lotado. Aqui tá muito tranquilo, quanta diferença… — descreve a administradora Márcia Beatriz Dalmáz, moradora do condomínio, que passou a manhã na piscina com a filha Giovanna, estudante.
Junto a elas estava a psicóloga Alessandra Feio Fernandes, que voltou de Xangri-lá (Litoral Norte) no sábado (9) e está assustada com as multidões na praia.
— Aqui tá bem melhor, no quesito segurança contra a covid-19 — opina.
O síndico do Residencial Vivaz, Fábio Trois de Mello, gerencia mais de 30 condomínios e admite que a tarefa de conscientizar tanta gente é difícil. Ainda mais em época de calorão.
— Mas temos reuniões marcadas em todos, passamos em visitação e o pessoal tem sido compreensivo — assegura.
Flexibilização geral
Porto Alegre e outros quatro municípios assinaram o chamado sistema de cogestão do distanciamento controlado do governo do Estado. Ele permite que, se mais de 60% das prefeituras de uma região concordarem, elas podem operar sob o regramento da bandeira um nível mais amena do que a definida pelo Estado para a região. Ou seja: Porto Alegre e os demais municípios da R10, mesmo em bandeira vermelha, poderão funcionar sob as regras da bandeira laranja.
Confira as principais mudanças:
Missas e cultos
Como era: máximo de 30 pessoas ou 20% do público
Como fica: 30% do público
Restaurantes, bares, lanchonetes, inclusive em shoppings
Como era: ingresso até as 22h, com encerramento às 23h / 40% - 50% de lotação
Como fica: sem restrição de horário / 50% de lotação
Comércio essencial de rua (farmácias, supermercados etc.)
Como era: sem limite de ocupação / 50% dos trabalhadores
Como fica: sem limite de ocupação / 75% dos trabalhadores
Comércio não essencial de rua (vestuários, eletrônicos, móveis etc.)
Como era: 50% dos trabalhadores / ingresso até as 22h, encerramento às 23h
Como fica: 50% dos trabalhadores / sem restrição de horário
Shoppings - Comércio não essencial
Como era: ingresso até as 22h, encerramento às 23h / 50% dos trabalhadores / 50% de ocupação
Como fica: sem restrição de horário / 50% dos trabalhadores / 50% de ocupação
Shoppings - Comércio essencial
Como era: sem restrição de dia e horário / 50% dos trabalhadores / sem restrição de lotação
Como fica: não muda
Bancos e lotéricas
Como era: 50% dos trabalhadores
Como fica: 75% dos trabalhadores
Condomínios
Como era: fechamento das áreas comuns (piscina, salão de festa, churrasqueira etc.) / academia com atendimento individualizado
Como fica: permite áreas comuns / distanciamento de quatro metros / academia com uma pessoa a cada 10 metros quadrados
Serviços de forma geral (imobiliárias, salões de beleza, lavanderias etc.)
Como era: 25% dos trabalhadores
Como fica: 50% dos trabalhadores
Advocacia e contabilidade: 75% dos trabalhadores
Obs: Continua sendo, preferencialmente, teletrabalho
Clubes sociais
Como era: abertos para atividades físicas para manutenção de saúde / fechado para lazer / fechamento das áreas comuns / 25% dos trabalhadores / 25% de lotação
Como fica: aberto para lazer / abertas áreas comuns (piscina, academia etc.), com distanciamento de 10m2 / 50% dos trabalhadores / 50% de lotação
Piscinas em geral
Como era: apenas em clubes sociais e para atividade de saúde
Como fica: autorizadas de forma geral, com ocupação de uma pessoa a cada 10 metros quadrados
Academias
Como era: 16 metros quadrados / 25% dos trabalhadores / 25% de lotação
Como fica: uma pessoa a cada 10 metros quadrados / 50% dos trabalhadores
Eventos
Como era: corporativos, sociais e entretenimento fechados / teatros, espetáculos etc. apenas ambiente aberto
Como fica: permitidos de uma forma geral / ambiente aberto ou fechado / com limites que variam de 70 a 2.500