O prefeito Sebastião Melo reforçou, nesta quinta-feira (21), suas posições sobre o futuro do transporte público em Porto Alegre. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o chefe do Executivo reafirmou que não há chances de taxar o transporte por aplicativos na Capital e que o secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, emitiu uma opinião ao afirmar que haveria a cobrança.
Ao programa Gaúcha Atualidade, Melo afirmou que a situação está judicializada, e que é uma promessa de campanha manter os aplicativos sem taxas da prefeitura.
— Além de ser promessa de campanha, não é possível (a cobrança) porque a questão está judicializada. O (ex) prefeito (Nelson) Marchezan só mudou o nome. Inclusive a Comissão de Comissão e Justiça da Câmara, quando fez um parecer sobre essa outra taxa, que é sobre o uso da via, também deu como inconstitucional. Então não vai resolver — disse.
Na entrevista (ouça a íntegra abaixo), Melo falou sobre diversas outras questões envolvendo o transporte coletivo de Porto Alegre. Entre elas, sugeriu a mediação do Judiciário na repactuação dos contratos com as empresas de ônibus.
— Tu tens um sistema que não cumpre horário, que tem menos linhas, que tem que aportar dinheiro público e um sistema que não funciona, inclusive para os concessionários. Nós temos que repactuar esse contrato. Hoje pela manhã, ou no início da tarde, o governo vai procurar os operadores do sistema e vai sugerir que eles assinem uma petição para pedir ao Judiciário que medeie a repactuação dos contratos assinados em 2015 — afirmou.
Na quarta-feira (20), a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) afirmou que aceita rediscutir o modelo de concessão com a prefeitura de Porto Alegre. O processo passaria por rever obrigações presentes no contrato — para o prefeito, por exemplo, o aumento da passagem deve ser rediscutido.
— Agora tem um aumento previsto para o dia 1º de fevereiro, está no acordo judicial, e está na lei, está no contrato. Os operadores já entraram com um pedido para ser reavaliado. Então você tem um serviço pior, e preço com 27% a mais? Não dá pra ser assim, não dá pra explicar isso pra população — disse Melo.
O prefeito reforçou ainda que diversos estudos estão em andamento para tentar resolver a questão do transporte público na cidade. Entre eles, a prefeitura enviará uma proposta à Câmara de Vereadores que retira os cobradores dos ônibus e monta uma escola de mecânicos e de motoristas, para que os funcionários entrem no quadro das empresas.
— Se eu quero manter os cobradores, eu tenho um valor da passagem. Se eu quero ônibus com ar-condicionado, eu tenho outro — ressaltou.
O prefeito também falou sobre a situação da Carris, que, segundo seu projeto, irá dividir os valores repassados pela prefeitura mensalmente — em torno de R$ 6 milhões — com o restante do sistema. Melo não descartou propor a privatização da empresa.
— Eu quero um transporte público ou quero um transporte eficiente? A crise nos trouxe muitas dores, mas ela também nos trouxe oportunidade de fazermos cirurgias. Se eu tiver que privatizar a Carris, eu não tenho problemas. Eu quero é encontrar soluções.