O Gianechini da orla de Porto Alegre não tem 1m86cm de altura, nunca pisou no Projac e não costuma atrair paparazzi — só se conta o Felix Zucco, repórter fotográfico de GZH que fez as imagens desta matéria. Mas só de ter o sobrenome que virou sinônimo de beleza masculina no Brasil, acaba chamando a atenção de quem passa pelas tendas laranja junto ao Anfiteatro Pôr do Sol.
— Eu mexo com eles que sou a versão do Paraguai — se diverte Elemar Gianechini, 64 anos, 1m68cm de altura.
Ele é dono do Quiosque do Gianechini e passa as manhãs vendendo coco na beira do Guaíba. Começou a trabalhar na orla como ambulante há 23 anos, com uma caixa de isopor. Evoluiu para um carrinho e, por fim, para a tenda com o patrocínio da Gatorade.
Na hora de escolher o nome, acabou aproveitando a fama do ator paulista, Reynaldo Gianecchini (com dois c), que tinha começado a bombar na televisão com o Edu de Laços de Família. Elemar diz que admira o global. Ainda mais pela força que demonstrou na luta contra um câncer no sistema linfático.
Ele acha até que são parentes. Há muito tempo, um Gianechini do Nordeste telefonou para os daqui do Sul para fazer a árvore genealógica. O homem disse que eram, sim, da mesma família: os ascendentes teriam vindo de navio da Itália até um porto em São Paulo. GZH tentou contato com o global por sua assessoria de imprensa, mas não obteve retorno até a publicação.
O Gianechini da orla do Guaíba é um gaudério nato. Vindo de Camaquã, tem no guarda-roupa oito bombachas, uns cinco pares de bota e adora um baile em CTG. É também um grande colorado. Corneteiro, segundo o filho Willian.
— Olha lá o Face dele. Meu Deus, colorado mais chato — ri o primogênito.
Por falar nele, Willian é o segundo Gianechini da orla. Começou a ajudar o pai há alguns anos, quando Elemar contraiu Hepatite C e fez um penoso tratamento. Hoje, se dividem no quiosque: o pai trabalha até as 14h, e o filho assume a partir dali. Foi a forma que arranjaram para conseguirem trabalhar juntos, porque “já deu umas peleia brava”.
— Eu sou um pouquinho teimoso, e ele acha que eu sou mandão — comenta Elemar, para na sequência atestar que o filho tem, pelos menos, um pouco de razão:
— Mas eu sou o pai e acho que tenho direito de falar.
Enquanto isso, a repórter continua procurando alguma similaridade entre o “Giane” paulista e o gaúcho. Era galã quando mais novo?
— Era muito tímido.
Assiste novelas?
— Só vejo uma do SBT.
Até que Willian entrega: o nariz meio torto que pode ser o elo. Perdido, na verdade, porque uma cirurgia plástica os distinguiu de novo. E nem foi o ator global quem fez.