A venda de bolos, pães e outras guloseimas pela janela do seu apartamento, no térreo, foi a saída para analista contábil Vanessa Gomes Alves, 34 anos, driblar a crise. A porto- alegrense, moradora da Rua Doutor Dário Bittencourt, na Vila Ipiranga, precisou se reinventar quando passou por uma situação complicada em abril, no início da pandemia:
– Meu marido estava no contrato de experiência e foi demitido da empresa onde trabalhava. Resolvemos, então, pedir o auxílio emergencial do governo, mas está em análise até agora. Precisávamos achar algo para complementar a renda, ainda mais com criança pequena de casa.
E foi assim, em meio às persianas do apartamento 107, que nasceu o Delícias na Janela.
Dúvidas
No início, os produtos eram vendidos apenas por encomenda de amigos e conhecidos. Mais tarde, Vanessa resolveu abrir o negócio para o público:
– Pensei em fazer apenas um sábado por mês, mas estava dando tão certo, as pessoas gostaram tanto que resolvi vender todos os sábados.
De acordo com a empreendedora, a rotina começa cedo: nas sextas, precisa acordar às 5h para adiantar a produção das guloseimas que serão vendidas no dia seguinte. Ela cozinha até as 8h, quando começa o seu trabalho como analista contábil em home office. No sábado, Vanessa abre a janela das 8h às 19h30min. Como resultado de todo o esforço, o Delícias na Janela tem sido um sucesso na região onde mora.
Porém, mesmo que esteja feliz com o resultado, Vanessa revela que, na verdade, ainda tem algumas dúvidas sobre como gerenciar a sua lojinha. Ela, por exemplo, não possui telentrega, pois tem medo de aderir e precisar subir os seus valores.
– Muitas pessoas me perguntam se eu entrego em casa, mas, para isso, eu precisaria deixar os produtos mais caros para contratar alguém para fazer esse serviço. A ideia não me agrada muito – explica a empreendedora.
Vanessa também tem algumas questões sobre captar clientes:
– Por mais que eu trabalhe na janela e esteja bem visível, percebo que algumas pessoas passam aqui na frente do condomínio e ficam olhando, tentando entender do que se trata, mas não vêm até aqui.
Essas dúvidas são as mesmas que passam na cabeça de muitos empreendedores, principalmente, daqueles que precisaram se reinventar durante a crise.
Uma ajudinha da especialista
Para a analista de relacionamento com o cliente do Sebrae Katherin Misura de Oliveira, 34 anos, as dúvidas de Vanessa são bem comuns, sobretudo quanto a oferecer telentrega:
– Mesmo sendo um investimento, o empreendedor que está começando muitas vezes não enxerga as entregas dessa forma.
A dica de Katherin é analisar a forma de precificação utilizada. Colocar na ponta do lápis as taxas de entrega por motoboy ou aplicativo e verificar qual é a que se encaixa melhor nas finanças do negócio.
– É necessário fazer a conta de quantos produtos são vendidos por semana e comparar com os valores cobrados pelas plataformas ou profissionais para saber qual dos dois casos funcionará melhor – explica.
Sobre a captação de cliente, a especialista afirma que a identidade visual é fundamental, principalmente para Vanessa, que vende na janela de casa:
– Por mais que as janelas vizinhas não tenham pães e bolos, Vanessa precisa diferenciar a sua das demais. Uma placa pequena com cores vibrantes, com o nome do negócio e o que é vendido, já ajudaria muito. Adesivos colados nos produtos, com informações de contato, também são uma boa estratégia, já que o material não é caro e pode ser comprado em qualquer papelaria.
Início
Para quem está começando agora ou quer abrir o seu negócio, a especialista explica os primeiros passos:
– Antes de empreender, a pessoa deve observar as necessidades de produtos ou serviços do lugar onde mora. Fazer uma lista de potenciais clientes e pesquisar se comprariam ou utilizariam o que você está disposto a oferecer.