Uma plataforma que reúne vários brechós de Porto Alegre, com todas as peças disponíveis em um clique: essa foi a ideia inicial do economista Félix Kessler, após um período de voluntariado no brechó da Cruz Vermelha, em Porto Alegre.
A confusão de peças e o tempo gasto ao percorrer brechó por brechó poderia ser facilmente resolvida com um aplicativo, ele pensou, mas só conseguiu por em prática a ideia que teve em 2016 no início deste ano. O timing não poderia ter sido melhor, diz Félix.
Com o início da pandemia, muitos brechós que tinham a maior parte das vendas por loja física acabaram tendo de fechar as portas do dia para a noite, perdendo clientes que geralmente passavam nas lojas para garimpar alguma peça de segunda mão. Foi aí que, em maio deste ano, surgiu o Garimppa, um aplicativo que reúne não só brechós de Porto Alegre, mas de todo o Brasil.
A cliente faz a reserva pelo app, que fornece ao brechó o contato da possível compradora. Em seguida, a negociação continua como antigamente: brechó e garimpeira combinam detalhes do pagamento e entrega.
O fato de não perder a essência da experiência de comprar em um brechó é um dos pontos positivos do aplicativo, conta Mariana Thomé Lopes, 29, dona do Lavô Ta Novo. Mariana fazia durante o ano eventos sazonais com as peças que ia garimpando, mas com o início da pandemia, a ideia de reunir as clientes em um espaço físico não era mais viável.
Em um desabafo nas redes sociais, ela contou que não sabia mais o que fazer para continuar com o projeto. À frente do Lavô há dois anos, ela recebeu a dica de algumas clientes para procurar o Garimppa.
— Foi uma luz no fim do túnel. Agora eu trabalho só com isso, e pretendo continuar com o formato online quando a pandemia passar também.
O CEO do Garimppa conta que um dos diferenciais da empresa é a taxa cobrada ao expor as roupas na plataforma. Enquanto outras iniciativas similares cobram em torno de 18,5% do valor da peça, o app cobra uma taxa de R$ 2 pela reserva do produto. O valor é pago ao brechó e, após fechar uma quantia grande de vendas, este repassa o valor para o aplicativo.
— Para o brechó não custa nada, e para as consumidoras, preço final não aumenta. Antes os bréchos já embutiam essa porcentagem nas roupas, tornando o produto final mais caro — argumenta Félix.
Durante a pandemia, as lives de venda também se popularizaram entre os brechós. De olho na tendência, o aplicativo criou uma maneira de otimizar e auxiliar as lojinhas em suas vendas, fazendo pelo site o trâmite da venda. Hoje, uma média de 35 peças são vendidas por live no Garimppa.
— Nossa ideia é ajudar o brechó, otimizar o tempo dele com contabilidade, prazos para retornar as clientes — conta Félix.
No início a plataforma começou com cinco brechós cadastrados, hoje, o Garimppa conta com mais de 300 lojinhas e 2 mil peças disponíveis para reserva.