Em razão da medida cautelar do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), suspendendo o processo, pouco se sabe sobre as duas propostas apresentadas para a gestão do Mercado Público de Porto Alegre na sexta-feira (31). Os envelopes permaneceram fechados. Os únicos dados divulgados foram os nomes das empresas ou consórcios interessados e os nomes de quem protocolou os documentos.
Uma das propostas é do consórcio intitulado Novo Mercado de Porto Alegre, composto pelas empresas MV, de São Paulo, e Houer, de Minas Gerais. Quem protocolou a proposta foi Sérgio Lopes Cabral, gerente de projetos da Houer.
Entre março de 2012 e janeiro de 2017, Cabral foi diretor administrativo da sociedade de economia mista criada em 2009 para revitalizar a região portuária do Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016, região onde ficam o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio. Posteriormente, foi diretor da SP Parcerias, outra sociedade de economia mista, montada para por em curso um plano de desestatização na capital paulista.
— As regionalidades e o fluxo na região tornam o Mercado Público de Porto Alegre muito atraente. Temos consciência de que é um espaço especial, diferente de um centro comercial qualquer. Enxergamos como um projeto a oito mãos (concessionária, prefeitura, permissionários e população) — declara Cabral.
A segunda proposta é da DLS Paseo Empreendimentos. Se trata de uma das empresas do mesmo grupo da Dallasanta, gestora de ativos imobiliários responsável por uma lista de 20 empreendimentos em Porto Alegre e região, como o Paseo Zona Sul, na Avenida Wenceslau Escobar, o Mall Nilo 1700, na Nilo Peçanha, e o centro comercial Nova Olaria, na Cidade Baixa.
— Já somos há algum tempo um importante pagador de IPTU de Porto Alegre. Achamos que estava na hora de dar um tipo de contribuição nova para a cidade, e com a experiência e cuidado de um grupo daqui — explica Cristiano Caetano, diretor da Dallasanta.
Em respeito à cautelar do TCE-RS, o processo de concessão do Mercado pelos próximos 25 anos foi suspenso oficialmente no Diário Oficial desta segunda-feira (3). Nos próximos dias, o TCE-RS deve se manifestar sobre o recurso da prefeitura, que contesta a necessidade de lei municipal para levar adiante o processo. O assunto é tratado como prioridade pela equipe do conselheiro Cézar Miola.
Se for adiante, a concessão prevê investimentos de R$ 85,9 milhões no Mercado Público, cerca de R$ 40 milhões nos primeiros anos. A outorga mínima inicial é de R$ 17,8 milhões, e vence o melhor preço.