O engenheiro de Transportes da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), Antônio Augusto Lovatto, afirmou que a restrição do vale-transporte para empregados de empresas com atividades não essenciais ou não autorizadas anunciada pela prefeitura de Porto Alegre pode gerar problemas. Em entrevista ao Estúdio Gaúcha, na noite desta sexta-feira (3), Lovatto destacou que o Executivo precisa detalhar como será essa medida para evitar riscos. Essa é uma das novas medidas anunciadas pela prefeitura no combate ao coronavírus.
De acordo com a prefeitura, permanecerá com VT ativo todo trabalhador de serviços essenciais e de outras atividades com funcionamento permitido.
— 20% dos vales-transportes estão na mão de tiqueteiras, que nós não temos o domínio para saber qual é o destino final desse vale-transporte. Ou seja, quais são as empresas que estão realmente utilizando. Se é uma farmácia, um hospital, um supermercado ou uma outra atividade que não seja essencial. Outro ponto é bloquear pessoas que estão em diversas atividades. Qual atividade que vai bloquear ela? Ela pode estar em uma atividade essencial como também em uma atividade não essencial. Existe o risco muito grande de bloquear pessoas que estão em atividade essencial — afirmou o engenheiro.
Lovatto também citou a questão de escalonamento de horários de funcionários como um possível complicador na operação. Para evitar riscos nesses cenários, o engenheiro destaca que a prefeitura terá de enviar um ofício à ATP, informando os CNPJs das empresas que terão os vale-transportes de funcionários bloqueados e também a descrição dos horários/turnos que terão de ser bloqueados:
— A EPTC vai ter de entregar (as informações) para que a ATP operacionalize isso. Isso vai ter de vir através de ofício. Sobre todos os problemas possíveis a gente alertou a EPTC. Agora, se ela vai conseguir entregar isso de uma forma bem detalhada para que não haja problemas, vamos aguardar.
Socorro financeiro
O engenheiro da ATP destacou que o sistema de transporte coletivo da Capital recebeu ajuda apenas do governo federal, por meio da medida provisória que permite redução de folha de pagamento. Segundo ele, a negociação do prazo de pagamento de combustíveis e a protelação de valores dos investimentos em compra de veículos novos estão entre as principais medidas que estão ajudando na “sobrevivência” das empresas.
Lovatto entende que o ônibus não é um local de contágio, destacando que as empresas adotam medidas de segurança tanto no âmbito dos funcionários quanto no dos usuários, como reforço na higienização dos espaços e disponibilização de álcool em gel e medição de temperatura de colaboradores.