Um novo decreto, mais rigoroso, com medidas para tentar reduzir o contágio por coronavírus em Porto Alegre entra em vigor nesta terça-feira (7). Desde a publicação das novas regras, na madrugada desta segunda (6), a prefeitura tem recebido críticas sobre o fechamento de mais atividades econômicas na cidade.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o prefeito Nelson Marchezan classificou as medidas como "tristes" e "horrorosas", reiterando que não gostaria de tomá-las. No entanto, lembrou que a alta demanda por leitos de UTI faz com que a prefeitura tenha que segurar as atividades econômicas, sob o risco de a população não ter atendimento de saúde em algumas semanas.
— Não esperava estar tomando essas medidas (...) Eu entendo a angústia de cada um dos trabalhadores e dos empresários que construíram um caminho econômico de independência, mas espero que também entendam que não posso aceitar que tenhamos pessoas falecendo às dezenas ou às centenas, como em outros municípios, porque não tinham o mínimo de atendimento na área da saúde. Não tenho outra alternativa (...) Mas eu não deixo de entender a angústia deles. Posso garantir: eu também a sinto.
Marchezan lembrou que, até pouco tempo atrás, praticamente todos os setores tinham algum tipo de funcionamento, com exceção da área do ensino e das atividades noturnas de shows, bares e espetáculos. Porto Alegre chegou a registrar uma estabilização na demanda por leitos de UTI, mas, quando a ocupação passou a crescer de maneira acelerada, a prefeitura precisou voltar atrás.
Na sexta-feira, a quantidade de pacientes com covid-19 em UTIs da Capital chegou a 175, quebrando o limite de 174 — que configurava o teto da primeira fase de preparação da cidade contra a pandemia. No sábado, o total chegou a atingir 177 e, até as 8h desta segunda-feira, havia voltado a 175.
As medidas mais duras foram tomadas porque a projeção é de que, na segunda metade do mês, 255 leitos estejam ocupados, o que corresponde à segunda etapa da oferta de vagas.
— E até o fim do mês, chegaremos em uma capacidade que não temos. Teríamos que entrar nas salas de emergência, nas estruturas que não seriam as mais indicadas para pessoas entubadas. Todos os países do mundo, independentemente da sua ideologia, tiveram que buscar alternativas de restrição de atividades econômicas. E eu lamento muito que não tenhamos descoberto outra alternativa — disse o prefeito.
Mais de 100 mil cartões de vale-transporte bloqueados
Durante 15 dias, o vale-transporte de trabalhadores de setores não-essenciais será suspenso. Conforme Marchezan, são cerca de 130 mil cartões bloqueados a partir da próxima quinta-feira. A medida, especificamente, começa a valer dois dias depois das demais devido à necessidade de programação dos cartões:
— São em torno de 350 mil cartões que ela (a empresa responsável) terá que programar na bilhetagem, para poder executar esta tarefa que a gente demandou, então vai ser aplicado somente na quinta-feira, com mais segurança. A gente fica muito triste de tomar estas decisões, mas são medidas para evitar a circulação de pessoas, que é o que evita a circulação do vírus.
A ideia, segundo a prefeitura, é que já na quarta-feira os usuários possam acessar, com login e senha, as informações sobre o cartão TRI, conferindo se tiveram o cartão bloqueado ou não. Os cartões de estudantes seguem suspensos desde que as aulas presenciais foram canceladas.
Em relação à área azul, haverá proibição de estacionamento a partir desta terça-feira, com exceção do entorno de hospitais. São 5 mil vagas de estacionamento na cidade.
Diferentemente do que foi feito das outras vezes, desta vez a prefeitura optou por fechar praças e parques, além da orla do Guaíba. Fica proibido o acesso do público aos parques Moacyr Scliar, Chico Mendes, Germânia, Gabriel Knijnik e Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia).
Em relação a locais que não foram fechados, como a Redenção e o Parcão, o prefeito pede ajuda da população:
— São vários hectares, e o cerco seria de muita estrutura da Guarda Municipal e da EPTC, que poderia ser mais efetiva em outros lugares. A gente pede a compreensão de que as pessoas não utilizem os parques públicos em uma ou duas semanas.