O novo decreto da prefeitura de Porto Alegre, que começa a valer a partir desta terça-feira (7), está gerando descontentamento entre os setores econômicos. Entre as medidas, que visam a combater o crescimento de contágios por coronavírus na Capital, estão o fechamento do comércio e de praças e parques em toda a cidade. Representantes de alguns segmentos demonstraram insatisfação com as novas regras.
O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas), Paulo Kruse, apontou a necessidade de previsão para a retomada das atividades econômicas.
— Se for para fechar e reabrir daqui a 10 ou 15 dias, tudo bem, pois precisamos reabrir. Nossas lojas não aguentam mais, não há como manter o negócio com portas fechadas. Os lojistas estão desesperados, demitindo colaboradores e, muitos, fechando lojas. Esperamos que a municipalidade faça alguma coisa pensando na reabertura — afirmou Kruse.
O presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, defendeu a possibilidade de lockdown na cidade.
— A questão é que a cada medida (publicada) estamos mais instáveis. Falta previsibilidade, falta olhar o dia seguinte. Quem sabe não seria melhor um lockdown total durante 15 dias, sabendo que teríamos que fazer isso para, no dia seguinte, podermos gradativamente seguir a nossa vida, em vez de a cada semana termos algo novo, que gera mais instabilidade e os negócios ficam cada vez mais difíceis? — indagou Chmelnitsky.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes e Lojistas de Porto Alegre (CDL), Írio Piva, o fechamento dos parques é adequado, mas o comércio deveria permanecer aberto.
— Esta nova paralisação tende a ampliar ainda mais as dificuldades (na atividade econômica). Espero que possamos retomar o mais rápido possível, pois emprego, renda e saúde andam juntas e não podemos prescindir de nenhuma delas — afirmou Piva.
A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Maria Fernanda Tartoni, afirmou que a medida atinge principalmente os pequenos negócios, que são maioria no segmento de bares e restaurantes.
— A gente tem que entender que existe uma grande quantidade de pessoas que dependem do trabalho para sobreviver. Não podemos pagar uma conta com restrições tão grandes. Os pequenos negócios, que são a grande maioria dos bares e restaurantes, precisam sobreviver. Certamente será um baque ainda maior, nós somos um dos setores mais afetados desde o inicio da pandemia e tomamos todas as precauções devidas para evitar a contaminação. Estamos fazendo nossa parte e esperamos que nossos governantes colaborem para podermos sair disso tudo de pé – disse Maria Fernanda.
Proprietário da Rede SuperForce CrossFit, Fábio Reis falou sobre possível piora na saúde de pessoas com o fechamento das academias.
— Os profissionais de educação física são os únicos responsáveis pela promoção da saúde e prevenção de doenças através da atividade física, porque melhoramos o condicionamento físico, aumentando, assim, a imunidade. Com o novo decreto e o fechamento das academias, ficamos impossibilitados de entregar nossos benefícios à sociedade. Fala-se muito em saúde da população, mas o único setor responsável por melhorar esse segmento está impossibilitado de trabalhar — afirmou Reis.
Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo falou sobre ampliações nos manuais de boas práticas dos estabelecimentos de supermercados na Capital.
— Por sermos uma atividade econômica essencial, nós sabemos das nossas responsabilidades sociais. Estaremos reforçando a todos os supermercados do Estado essas implementações da prefeitura, onde temos a limitação de um membro da família para compras no supermercado. Nós sabemos que esse é o momento de termos regras e disciplina. Estaremos incluindo nos nossos manuais de boas práticas todas as novas determinações, reforçando distanciamento dos clientes, higienização dos carrinhos e cestas a cada compra — pontuou.