Apos três dias fechada devido ao feriadão, a Companhia Estadual de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), na zona norte de Porto Alegre, amanheceu lotada nesta segunda-feira (4). Apesar de adotar medidas para evitar o contágio pela covid-19, muitas pessoas circulavam pelo local sem máscara e sem luvas.
Nas segundas-feiras, o funcionamento ocorre na parte da manhã, com início às 5h30min. Produtores, atacadistas, trabalhadores e o público em geral chegaram cedo em busca do melhor preço dos hortifrútis.
Por volta das 7h, dezenas de pessoas circulavam pelo pavilhão dos produtores. Poucas usando máscara e luvas. Algumas estavam com as máscaras abaixadas, junto ao queixo. A reportagem não localizou sinalização informando sobre os cuidados necessários para se evitar o contágio de coronavírus, e também não viu ninguém orientando aqueles que circulavam sem os equipamentos de proteção.
Um dos vendedores que estava no pavilhão era Lauro Heck, 53 anos. Ele sai de São José do Hortênsio, no pé da serra gaúcha, para vender os produtos na Capital. Conta que ninguém falou para ele usar máscara.
– Ninguém me falou nada. Mas a gente toma todos os cuidados no transporte.
Outro vendedor, que estava sem máscara e não quis se identificar, sai de Viamão para vender seu hortifrútis todos os dias e também relata não ter recebido orientação.
A Ceasa alega que a aglomeração de pessoas é inerente a sua atividade e que, por isso, vem adotando medidas em razão da pandemia para manter o serviço de abastecimento. O presidente da companhia, Ailton dos Santos Machado, diz que panfletos são distribuídos aos frequentadores e que um painel de LED na entrada informa sobre a covid-19.
– A gente vai reforçar a conscientização nesta semana e devemos tornar obrigatório o uso de máscara na próxima semana - promete.
O presidente alega que a Ceasa é um espaço público e que é difícil controlar quem acessa por causa do grande fluxo de pessoas.
- Eu tenho o cadastro dos vendedores e produtores. Mas o público que vem comprar, eu não tenho controle - afirma Aílton, que relata que, em dias de grande movimento, o pavilhão chega a receber quase 30 mil pessoas.
Apesar de receber produtores e atacadistas de todo o Estado, o presidente afirma que nenhum contágio ou suspeita de contágio foi registrada na Ceasa.
- A gente conversa, sabe dos riscos, mas não recebi relato de contágio.
Entre as ações adotadas pela Ceasa para proteger produtores, atacadistas, trabalhadores e o público estão a redução na presença de pessoas no interior do pavilhão, a redução, desde março, do tempo de funcionamento – segundas abre às 5h30min e fecha às 10h, e de terça a sexta, funciona das 13h às 17h –, além da autorização para que os produtores vendam os hortifrútis na área externa.
A Ceasa também diz que aumentou os dias de lavagem e higienização do Pavilhão dos Produtores, com sabão e água sanitária, além da frequência da limpeza dos banheiros, e que tanto a Ceasa quanto as empresas terceirizadas que prestam serviço para a administração fizeram ou foram orientadas a fazer a substituição das pessoas pertencentes aos grupos de risco. Mesma medida foi recomendada para atacadistas e produtores.
As reuniões e eventos que utilizam a capacidade máxima do auditório foram suspensas, assim como todas as atividades de visitação coletiva a Ceasa. Foi recomendado aos funcionários manter os ambientes ventilados, com janelas abertas, e fazer a higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel.