Sexta-feira (20), 15h. O pavilhão dos produtores da Companhia Estadual de Abastecimento (Ceasa) do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, registra o tradicional vai e vem de carregadores e compradores. E isso que não é o dia de maior movimento. Às terças e às quintas-feiras, o volume de frequentadores quase triplica.
Nos últimos dias, a rotina do lugar está alterada em razão do temor do avanço do novo coronavírus. Os alto-falantes anunciam orientações para que as pessoas aumentem os hábitos de higiene e informam que há álcool gel disponível para quem precisar. Carregadores com luvas e máscaras são vistos com frequência. Alguns produtores também adotaram essa prática. Muitos idosos, que estão no grupo de risco do novo vírus, trabalhavam no local.
Em um dos espaços, estava o produtor de Viamão, Solon Kaiser, 70 anos. Com uma máscara no pescoço e semblante de cansaço, o produtor de folhas disse que as vendas diminuíram. Kaiser afirma estar tomando todas as medidas necessárias para evitar o contágio.
— Se eu morrer azar. Já vivi bastante. Não posso parar. As contas não param — respondeu, ao ser perguntado se não poderia ficar em casa, em razão de estar no grupo de risco.
Perto dali, Josemar Breidenbach, 50 anos, produtor de Caxias do Sul, vendia temperos, radite, agrião e couve. Segundo ele, o movimento diminuiu, mas as vendas aumentaram.
— A gente percebe menos gente por aqui. Mas quem vem comprar, compra mais do que comprava antes — contava o produtor.
Segundo ele, tem seguido todas as orientações dos órgãos de saúde para evitar o novo coronavírus.
— Eu uso máscara, álcool gel e tento manter distância.
Apesar da série de medidas adotadas pela Ceasa para evitar a disseminação do novo coronavírus, umas das mais recomendadas pelos órgãos de saúde não foi implementada. O local não está restringindo o acesso de público. Em dias de maior movimento, a companhia, que tem uma área de 42 hectares, chega a receber 10 mil veículos e circulação de 25 mil pessoas.
— Não tem como não ter essa superpopulação, pelo menos na terça e na quinta. Eu tenho contato com as demais Ceasas do país e todas estão funcionando igual — afirma o presidente da Ceasa gaúcha, Ailton dos Santos Machado.
Segundo ele, todos os procedimento possíveis já foram adotados para minimizar os riscos. Ele ressalta, no entanto, que não adiantaria aumentar o horário de funcionamento, por exemplo, para espalhar o público, já que os compradores sempre preferem chegar na abertura para conseguir os melhores preços e produtos.
— Se faltar o hortigranjeiro, vai ser a pior. Se as pessoas não se alimentarem bem, vai ser ainda pior — disse Machado.
Medidas adotadas
- Redução no horário de funcionamento. Na segunda-feira, fechando uma hora e meia antes, funcionando das 5h30 às 10h. Terça a sexta, encerrando duas horas antes, funcionando das 13h às 17h; No sábado, o funcionamento segue até as 12h, mas apenas o agroatacado, açougues, peixaria e a Central de Flores. A Ceasa não abre aos domingos
- Limpeza mais frequente dos locais de uso de produtores, compradores e funcionários
- Campanha de conscientização para aumento da higiene
- Disponibilização de álcool gel
- Campanha para que as pessoas fiquem o menor tempo possível na Ceasa
- Autorização para que produtores possam vender seus produtos direto dos caminhões, do lado de fora dos pavilhões