Há exatos nove anos, um dos atropelamentos de maior repercussão em Porto Alegre era registrado na Rua José do Patrocínio, na Cidade Baixa. Em 25 de fevereiro de 2011, Ricardo Neis teria ficado irritado ao ver a via bloqueada por um grupo de ciclistas que participava de uma pedalada do movimento Massa Crítica. Condenado a prisão em 2016, o bancário é considerado foragido pela polícia. Ele teve a prisão decretada em outubro de 2019.
Conforme o subchefe da Polícia Civil, Fabio Motta Lopes, a corporação ainda procura pelo homem.
— Dos casos de tentativas de homicídio, talvez esse seja o que teve mais repercussão. E não só por isso, mas também pela gravidade, as buscas para localizá-lo são uma prioridade. Continua sendo uma prisão prioritária para a gente — afirma.
O bancário teve a prisão decretada pela Justiça após uma decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ), no dia 26 de setembro, que permitiu a execução provisória da pena. Neis foi condenado em novembro de 2016 pelo Tribunal do Júri por 11 tentativas de homicídio e cinco lesões corporais, mas com possibilidade de recorrer em liberdade. Ele foi sentenciado a 12 anos e nove meses de prisão.
A polícia esteve, em outubro, no apartamento do homem, na Capital, mas ele não foi encontrado. Anteriormente, o Ministério Público já havia defendido que Neis precisa ficar preso para "a garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal".
Mesmo com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, o bancário foi flagrado dirigindo na BR-101, em Osório, em agosto do ano passado, de acordo com uma ocorrência registrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Advogado de Neis, Manoel Pedro Castanheira afirma que o bancário não pode ser considerado foragido. Para a defesa, Neis só poderia estar foragido se tivesse sido preso e fugido depois.
— Ele está oculto, nunca foi preso após o trânsito em julgado. O termo é equivocado — diz.
Castanheira também defende que é "obrigação da polícia" encontrar Neis, "mas não é uma obrigação dele se entregar". O advogado diz ainda que não tem contato com o homem há cerca de um ano e meio.
O caso
Ricardo Neis foi condenado em novembro de 2016, após dois dias de julgamento na 1ª Vara do Júri da Capital. Ele atropelou um grupo de ciclistas que participava de uma pedalada do movimento Massa Crítica em 2011. Servidor público federal, ele não perdeu o cargo.
Na ocasião, o motorista dirigia um Golf e estava com o filho no carro. O atropelamento ocorreu por volta das 19h do dia 25 de fevereiro de 2011 na Rua José do Patrocínio, na Cidade Baixa, que estava bloqueada pelos ciclistas. As imagens, que foram gravadas por participantes do ato, mostram Neis fazendo o que muitos chamaram de um "strike" de ciclistas.
O bancário teve a prisão preventiva decretada em março de 2011. Pouco mais de um mês depois, obteve liberdade provisória. Em entrevista concedida logo após a soltura, em abril do mesmo ano, Neis alegou ter agido "instintivamente", já que, conforme sua versão, os manifestantes teriam dado socos no seu veículo. Os ciclistas negaram ter iniciado a confusão e afirmaram que tentaram dialogar com Neis antes de ele atropelar o grupo.