Condenado pelo atropelamento de ciclistas no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, o bancário Ricardo José Neis é considerado foragido pela Polícia Civil. Agentes estiveram na última semana no apartamento do homem, na Capital, e não o encontraram. Neis também não se apresentou.
A tentativa de prisão do bancário, que tem pena de 12 anos e nove meses de prisão a cumprir, ocorre após decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). No dia 26 de setembro, entendimento da corte permitiu a execução provisória da pena. Neis foi condenado em novembro de 2016 pelo Tribunal do Júri por 11 tentativas de homicídio e cinco lesões corporais, mas com possibilidade de recorrer em liberdade.
Segundo o subchefe da polícia, Fabio Motta Lopes, a corporação seguirá tentando a captura do condenado. A polícia prefere não detalhar o método que usará, apenas diz que contará com informações de inteligência.
Já o advogado de Neis, Manoel Castanheira, entende que o cliente não pode ser considerado um foragido. Para ele, a polícia está errada e Neis seria foragido se tivesse sido preso e fugido depois.
— Eu sempre digo, dentro dessas perguntas, que é uma obrigação da polícia encontrá-lo, mas não é uma obrigação dele se entregar. O Estado é que tem que exercer a função, ônus público, de procurá-lo. Ele não tem obrigação nenhuma — diz Castanheira.
O advogado disse que ainda avalia a possibilidade de recorrer da decisão que resultou no mandado de prisão e para isso irá ainda consultar o condenado. Ele também declarou que não conseguiu conversar com o cliente após a polícia procurá-lo. Castanheira informou que é difícil contatar o bancário, que vive sem celular e só responde a e-mail.
Para o MP, Neis precisa ficar preso para "a garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal". Ao recorrer, a promotora Lúcia Helena Callegari acrescentou que, mesmo com a Carteira Nacional de Habilitação suspensa, Neis foi flagrado dirigindo na BR-101, em Osório, em agosto deste ano.
O caso
Ricardo Neis foi condenado em novembro de 2016, após dois dias de julgamento na 1ª Vara do Júri da Capital. Ele atropelou um grupo de ciclistas que participava de uma pedalada do movimento Massa Crítica em 2011. Servidor público federal, ele não perdeu o cargo.
Na ocasião, o motorista dirigia um Golf e estava com o filho no carro. Teria ficado irritado ao ver a passagem bloqueada quando circulava na Rua José do Patrocínio, na Cidade Baixa, por volta das 19h do dia 25 de fevereiro de 2011. As imagens do atropelamento, que foram gravadas por participantes do ato, mostram Neis fazendo o que muitos chamaram de um "strike" de ciclistas.
O bancário teve a prisão preventiva decretada em março de 2011. Pouco mais de um mês depois, obteve liberdade provisória. Em entrevista concedida logo após a soltura, em abril do mesmo ano, Neis alegou ter agido "instintivamente", já que, conforme sua versão, os manifestantes teriam dado socos no seu veículo. Os ciclistas negaram ter iniciado a confusão e afirmaram que tentaram dialogar com Neis antes de ele atropelar o grupo.