No primeiro mês da concessão de unidades básicas de saúde a organizações civis em Porto Alegre, houve aumento de 56% no número de atendimentos. O levantamento da Secretaria Municipal da Saúde inclui 11 postos que passaram a ser geridos por Divina Providência, Santa Casa e Vila Nova, comparando os resultados do período de 7 de janeiro (quando iniciou a mudança nas primeiras unidades) a 8 de fevereiro deste ano a igual intervalo de 2019. Segundo a pasta, os postos do Instituto de Cardiologia não compuseram a lista porque a troca do modelo se deu mais tarde ou ainda não foi feita, em alguns casos.
Os termos de cooperação com as quatro entidades filantrópicas, para que elas deem continuidade aos serviços de parte da saúde básica de Porto Alegre, ocorreram depois que o Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) teve sua criação considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Sindicatos de profissionais da saúde e prefeitura de Porto Alegre discutem na Justiça do Trabalho a situação de cerca de 1,8 mil funcionários do Imesf.
Secretário de Saúde adjunto, Natan Katz comemorou os números e aposta que os próximos levantamentos, após a adaptação das novas equipes, terão resultados ainda melhores. Ele enumerou os motivos para o aumento:
– Sempre tivemos problemas de vacância médica, era muito burocrático repor pessoal no modelo anterior, e agora temos equipes completas. Também conseguimos ter mais equipes por unidades, e acredito que o modelo é mais eficiente: essas entidades têm metas, e já entram sabendo que tem de produzir, ou vão receber valor menor. Por último, tem a questão do horário estendido: essas unidades trabalham com a ideia de, no mínimo, 12 horas de atendimento por dia.
Katz destacou ainda que as unidades que seguem sob a gestão da prefeitura estão recebendo também reforço de servidores, tanto de funcionários do Imesf quanto dos que atuavam nos 11 postos de saúde e tinham vínculo estatutário.
O levantamento realizado pela secretaria inclui atendimentos médico, odontológico e de enfermagem. De 7 de janeiro a 8 de fevereiro de 2019, foram 18.132. Neste ano, em igual período, chegaram a 28.357.
O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, contesta os números, ressaltando que o governo municipal vinha retirando profissionais, provocando queda na produtividade. Ele cita também as melhorias trazidas com o Programa Saúde na Hora, que aumentou o número de médicos na saúde básica ao longo do ano passado.
Jesien ainda se queixa do tratamento dado pelo município aos servidores do Imesf:
— Inúmeros trabalhadores adoeceram e não tiveram o mínimo de atenção da gestão de saúde de Porto Alegre.
Em janeiro, em unidades de saúde que já haviam sido concedidas a organizações civis, Zero Hora havia ouvido elogios de pacientes pelo aumento da velocidade dos atendimentos.