Com vento de até 100 km/h, o temporal da última quarta-feira (15) causou transtornos em diversos pontos de Porto Alegre, sendo que alguns são sentidos ainda na manhã desta sexta (17), quase 40 horas após a tempestade. Um deles é a falta de luz, que, conforme a CEEE, ainda afetava 20 mil residências às 7h30min.
Mas como preparar a cidade para enfrentar este tipo de episódio? Como tornar a Capital menos vulnerável? Para o professor da UFRGS e coordenador do Pacto Alegre, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, a cidade precisa ter "visão de longo prazo".
— Os investimentos não são muito grandes, mas temos que ter ações que comecem amanhã (…) A gente tem de entender que investir em prevenção não é perda de recursos — afirmou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Veja os principais pontos abordados:
Conceito das cidades resilientes
A gente precisa começar a ter sistemas que comecem a se adaptar e ser menos vulneráveis a ocorrências que podem se tornar frequentes. Independentemente de mudanças climáticas, os eventos extremos estão aumentando.
Soluções práticas e aplicáveis
A gente tem que pensar na visão de longo prazo, e os investimentos não são muito grandes, mas tem que ter ações que comecem amanhã. O que começamos a discutir? A possibilidade de já ter, na revisão do plano diretor, alguns incentivos para que tenhamos certos desenvolvimentos para que tornemos a cidade mais segura. Para que algumas áreas já comecem a nascer diferentes.
Se continuarmos a ter o modelo de pendurar todas as redes de energia e internet, expostas ao vento e à vegetação, certamente vamos ter uma frequência cada vez maior (de problemas). Revisar todas os sistemas de uma hora para a outra é impossível, mas tem ações importantes que a gente pode fazer.
Importância da prevenção
É aquele dilema: quando vai investir em prevenção, tu pagas por algo que não consegues sentir o valor imediato, tu só sentes o valor no momento da crise. Por isso, alguns investimentos acabam parecendo menos importantes (...) A gente tem de entender que investir em prevenção não é perda de recursos.
Resistência à inovação
Isso é um desafio enorme. É incrível como as pessoas, às vezes, se comportam. Todo mundo quer uma cidade limpa, sustentável, mas, quando tem resíduos, joga na rua. Ou seja, o comportamento individual é diferente dos nossos desejos da cidade. E isso entra na questão do próprio monitoramento. As pessoas querem ser informadas, mas não gostam da sensação de estarem sendo vigiadas.
Ouça a entrevista completa: