No apagar das luzes de 2019, em 16 de dezembro, a Câmara de Vereadores aprovou um financiamento que deve impulsionar a malha cicloviária no último ano da atual gestão na prefeitura de Porto Alegre. Com números tímidos, mas em evolução desde 2017 (ver infográfico), os cofres municipais ganharão reforço de R$ 10 milhões em recursos federais.
A verba – do Programa Avançar Cidades, do Ministério do Desenvolvimento Regional – destina R$ 5,9 milhões para ciclovias ou ciclofaixas. O restante deverá ser investido na atualização da Pesquisa Origem e Destino, uma espécie de censo sobre os hábitos de transporte do porto-alegrense que não é realizado na cidade desde 2003, e subsidiar obras futuras.
Conforme Alessandra Both, coordenadora de Projetos de Mobilidade Sustentável da EPTC, o recurso deverá ser usado em trechos que não exijam obras viárias pesadas, mas reorganizando faixas e sinalizações nas atuais vias. Seriam obras à semelhança da Avenida Goethe, que ganhou ciclovias concomitantes às novas faixas exclusivas de ônibus.
– Isso servirá para fazermos um uso mais inteligente do recurso. Se fôssemos usar em uma ciclovia como a da Ipiranga, por exemplo, que custa R$ 1 milhão por quilômetro, seria pouco dinheiro. Mas investindo em ciclovias na malha já existente, com R$ 5,9 milhões dá para fazer muita coisa – explica.
A EPTC evita divulgar quais serão os primeiros trajetos contemplados antes da aprovação dos projetos junto à Caixa, órgão que financiará os recursos. Porém, adianta alguns conforme a sua lista de prioridades estratégicas. Uma delas é o reforço dos chamados eixos universitários. Parte do recurso deverá ser usado nas vias do entorno do campus Centro da UFRGS, aos moldes do que já está acontecendo na Rua Paulo Gama. Outro trecho em vista é a Rua Santa Cecília, que serviria como um eixo entre as ciclovias das avenidas Ipiranga e Nilo Peçanha, em direção ao campus da Unisinos na Capital.
– Enquanto isso, com recursos próprios, estamos fechando o último 1,7 quilômetro da Ipiranga até a PUCRS. A entrega da obra é em fevereiro, mas bastou passar a primeira brita ali que o pessoal já começou a usar – comenta Alessandra.
Os demais trechos priorizados tentam responder parcialmente à crítica de que as atuais ciclovias privilegiam demais a área central em detrimento de outras regiões. Estão em vista trechos no Humaitá e revitalização da ciclovia da Restinga e extensões que avancem a integração em direção à Zona Norte, como na Rua Félix da Cunha, em prolongamento da estrutura da Goethe, e o início de um novo eixo de ciclovias na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia.
O recurso também poderá ser usado conforme o avanço de obras de recapeamento. Se a Bento Gonçalves for recapeada, por exemplo, poderá ganhar uma ciclovia, e assim se conectar à estrutura da Ipiranga em direção ao campus do Vale da UFRGS.