Enquanto a solução definitiva para a falta de água nas zonas leste e sul de Porto Alegre não fica pronta, a prefeitura da Capital optou por uma medida temporária que deve amenizar o problema frequente nos dias de verão. Na manhã desta sexta-feira (18), o Executivo assinou um contrato com a empresa Aquamec, que prevê uma estação compacta pré-fabricada para o tratamento de água.
O contrato, no valor de R$ 43,3 milhões, é válido por quatro anos e deve beneficiar cerca de 250 mil pessoas. A empresa vai fornecer uma estação pré-fabricada para a captação de água, que ficará ao lado da Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo, atualmente responsável pelo serviço na região.
— É uma contratação temporária para garantir o abastecimento. Tivemos um crescimento demográfico muito alto e descontrolado naquela região, o que dificulta a entrega do serviço. Mas esta solução é suficiente até a medida definitiva — garante o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Darcy Nunes dos Santos.
A estrutura, mais moderna, conta com um sistema flutuante para a captação de água junto ao Guaíba. Esta modalidade, diferente da canalização comum, costuma ser mais eficiente porque é menos afetada em dias de chuva, quando a água fica mais turva. Além disso, a estação conta com um sistema de membranas de ultrafiltração, que retiram as impurezas da com mais facilidade e de maneira mais rápida.
Desta forma, a captação será feita de maneira paralela nas duas estações: a ETA Belém Novo e a compacta. Na nova estrutura, a água limpa será encaminhada para a ETA, onde o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) faz a adição de cloro e outros produtos químicos antes de enviar às casas.
Nos primeiros seis meses, a capacidade de produção de água vai aumentar 10%, passando de mil litros por segundo para 1,3 mil litros por segundo. Em 12 meses, o aumento chegará a 1,3 mil litros por segundo — patamar considerado suficiente para, por hora, atender a região.
— O ato simples de beber água foi negado para famílias destas regiões nos últimos anos. Isso ocorreu devido à falta de investimento no processo de captação e distribuição de água — declarou o secretário de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, durante a cerimônia de assinatura do contrato.
Garantia somente para o verão de 2021
Apesar de o Dmae entender que esta medida garante a resolução do problema pelos próximos quatro anos, os moradores só devem sentir os efeitos na prática a partir do verão de 2021. As regiões Sul e Leste costumam ser as mais impactadas pelo alto consumo e falta de capacidade durante o período de dias quentes.
Como a primeira entrega do investimento está prevista para seis meses, o aumento de capacidade de produção de água só terá acréscimo em abril do ano que vem:
— A possibilidade para este verão é remota, porque a instalação é complexa. Temos outras ações acontecendo para minimizar os efeitos e alcançar o abastecimento regular, mas só sentiremos, de fato, os efeitos (da estação compacta) no verão de 2021 — informou o diretor-geral do Dmae.
A solução definitiva para acabar com a falta de água na região a longo prazo é a construção da ETA Ponta do Arado. A obra teve financiamento de R$ 220 milhões aprovado junto à Caixa Econômica Federal. A prefeitura deve desembolsar outros R$ 62 milhões de recursos do Dmae para cobrir os custos das nove obras que serão feitas ao todo. A conclusão dos trabalhos está prevista para os primeiros meses de 2023.