A Estação de Tratamento de Água (ETA) Ponta do Arado, apontada como solução para os problemas de abastecimento nas zonas sul e leste de Porto Alegre, recebeu o aval da Secretaria do Tesouro Nacional para contratar financiamento de R$ 220 milhões junto à Caixa.
Mas, mesmo em cenário favorável, a construção está distante: se sair do papel, não deverá ser concluída antes de 2023.
A estação que atende a região atualmente, a ETA Belém Novo, tem capacidade de abastecimento de até mil litros por segundo. No verão, a demanda faz com que a capacidade de atendimento chegue ao limite e, mesmo assim, seja insuficiente — em janeiro deste ano, moradores chegaram a ficar até quatro dias sem abastecimento em bairros como Lomba do Pinheiro. A ETA Ponta do Arado vai permitir dobrar a capacidade de atendimento na região.
Segundo o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Darcy Nunes dos Santos, são previstas nove obras na região, entre elas a construção da ETA. O trabalho complexo tem previsão de duração de três anos (36 meses). A partir do início dessa obra, serão iniciadas as outras — todas elas deverão ser licitadas. A previsão é de que a licitação para as quatro primeiras obras seja publicada em julho, e que o contrato para o início dos trabalhos seja assinado em fevereiro de 2020 — assim, os moradores só seriam beneficiados nos primeiros meses de 2023.
— Isso ocorrerá se tudo correr de forma normal, sem recursos ou brigas judiciais. A única solução para a região é construir uma nova estação, aí o problema estará resolvido por cerca de 20 anos — explica.
Até lá, o Dmae mantém ações paliativas para amenizar o problema na região, como construção de adutoras e interligações no local. O órgão alega que o verão de 2019 teve um calor recorde e que, por isso, gerou mais problemas do que em relação a 2018. Questionado se a falta de água persistirá até 2023, o diretor-geral não deu garantia:
— Espero que não. Não vou dizer que vai ter problema, mas não vou prometer que não haverá problema. A ETA é uma solução com folga, com 100% de garantia. Até lá, a gente vai viver no limite.
O financiamento de R$ 220 milhões deverá ser contratado junto à Caixa Econômica Federal e cobrirá a maior parte dos custos das quatro principais obras — a prefeitura precisará complementar R$ 12 milhões para construir a ETA, uma canalização, uma casa de bombas e uma adutora. Depois de quatro anos, a prefeitura deverá começar a pagar o financiamento à Caixa. Para as cinco obras restantes, que incluem construção de reservatórios e adutoras, o Dmae garante ter, em caixa, os cerca de R$ 50 milhões que serão necessários.