O vereador licenciado André Carús (MDB) está preso, neste sábado (5), com mais 31 homens em uma área especial do Presídio Central, em Porto Alegre, destinada aos encarcerados que têm curso superior ou que são ex-servidores públicos. Carús, que é bacharel em Direito, compartilha a Galeria E2, no Pavilhão E, com ex-policiais, médicos, advogados, entre outros graduados e pessoas com direito à prisão especial.
Carús está na condição de preso temporário, desde terça-feira (1º), por suspeita de extorquir assessores. No mesmo espaço da cadeia, há também presos provisórios e outros já condenados, inclusive por homicídio, extorsão e assalto, conforme a administração da cadeia. A única restrição penal nessa galeria é para presos por crimes sexuais.
Como no restante da cadeia, as celas ficam sempre abertas e os presos podem circular dentro da galeria. O banho de sol é permitido por ao menos duas horas e, para este grupo, a saída ao pátio começa às 6h. As informações foram repassadas pela administração do Presídio Central.
Carús foi transferido para o Presídio Central nessa sexta-feira (4). Antes disso, estava detido em cela individual no Departamento de Investigação Criminal (DEIC), também em Porto Alegre, desde que fora preso na terça-feira (1º). Ele é investigado por falsidade e concussão - que é exigir para si ou para terceiro vantagens utilizando a função que ocupa. O parlamentar é suspeito de obrigar assessores a tirarem empréstimos consignados e entregar o dinheiro a ele. O político nega as acusações.
O diretor da cadeia, tenente-coronel Carlos Magno da Silva Vieira, diz que o vereador está recebendo o mesmo tratamento dos demais presos, no local.
— A gente trata todo mundo bem, com respeito. A gente não distingue — afirma o diretor.
Sem superlotação
Neste sábado, o Presídio Central registra 4.332 presos para 1.900 vagas. Distante dessa realidade de superlotação, a galeria onde está o político tem espaço de sobra. Ainda há 40 vagas, conforme dados da administração do presídio, para quem possui curso superior.
Outra diferença está na acomodação para dormir. No lugar de camas de concreto, há majoritariamente beliches. Conforme o diretor do presídio, tenente-coronel Carlos Magno da Silva Vieira, há colchões e mantas disponíveis aos presos. Já travesseiros e roupas de cama, como no restante do presídio, podem ser entregues por familiares ou advogados. Também são permitidos aparelhos de rádio e TV na cadeia.
— Como o grupo é menor, facilita a conservação — aponta o diretor, destacando que não há registro de confusões nessa galeria.
Há dois dias por semana, sendo um no final de semana, em que os familiares e amigos podem vistar os presos. Os visitantes podem encontrar os detentos nas galerias e no pátio.
O Pavilhão E, o mais próximo do setor administrativo da cadeia, fica na entrada do Presídio Central e tem dois andares. Abaixo da galeria dos graduados está a galeria dos dependentes químicos que, por vontade própria, participam de um programa de acompanhamento e desintoxicação.