Trabalhadores do Instituto Municipal da Estratégia de Saúde da Família (Imesf) entrarão em greve a partir desta quarta-feira (9), em Porto Alegre. A paralisação deve se estender por três dias. Conforme o Sindisaúde-RS, sindicato que representa funcionários de casas de saúde do Estado, a estimativa é de que cerca de 50 postos tenham o funcionamento afetado devido à mobilização.
Dos 140 postos de Porto Alegre, 77 são atendidos exclusivamente por trabalhadores do Imesf, segundo o Sindisaúde. Além disso, 139 dos 140 contam com trabalhadores do instituto.
Também na quarta, por volta das 8h, uma manifestação deve ocorrer em frente à prefeitura de Porto Alegre, no centro da Capital. De acordo com o Sindisaúde, entre 600 e 700 trabalhadores devem participar do ato. Um ofício, que deve ser repassado entre vereadores da Câmara Municipal, deve ser entregue ao prefeito, pedindo por um horário na agenda de Nelson Marchezan, para dialogar sobre a extinção do Imesf.
— A gente quer conversar, propor uma agenda com o prefeito, que é tudo que a gente não conseguiu desde o começo desse processo. Nem pela Secretaria da Saúde, muito menos com o prefeito — argumenta o presidente eleito do Sindisaúde, Julio Jesien.
Na segunda (7), os trabalhadores atrasaram o início dos serviços na Capital: pelo menos 23 dos 140 postos de saúde ficaram sem atendimento por duas horas. O protesto teve o intuito de conscientizar a população.
— As comunidades estão conosco desde o primeiro dia: nenhum usuário dos postos quer perder os vínculos construídos com os profissionais do IMESF. Por isso, nossa estratégia agora é tentar angariar cada vez mais apoio comunitário para aumentar a pressão sobre o governo — diz Jesien.
As ações do sindicato tentam fazer força contra a extinção do Imesf, anunciada pela prefeitura da Capital a partir de determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). O fim do instituto acarretará a demissão de 1,8 mil profissionais.
A prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, se manifestou por meio de nota. Confira o texto na íntegra:
"A Secretaria Municipal de Saúde reafirma seu papel de cumprir com o atendimento adequado para a população e declara não haver motivos para paralisação greve de profissionais do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (IMESF), uma vez que esta tem como motivação a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que declarou a inconstitucionalidade da lei que criou o IMESF a pedido dos próprios sindicatos, decisão esta referendada pelo Supremo Tribunal Federal. Assim, é um contrassenso quem diz que quer continuar atendendo a população deixar de atender para pleitear qualquer reivindicação. A secretaria não vai tolerar a descontinuidade do cumprimento do contrato ainda vigente e o fechamento de serviços de saúde, com consequente desassistência à população. Salienta-se que o modelo de atendimento que substituirá o IMESF não terá a greve como rotina, nem manterá a população refém de sindicatos e interesses corporativos."