O cabo de guerra entre o governo Marchezan e o PP foi parar na Justiça, que decidiu favoravelmente ao grupo do prefeito. Nesta quarta-feira (28), o juiz Fernando Carlos Tomasi Diniz atendeu a um pedido do vereador Moisés Barboza (PSDB) e determinou, em liminar, que a Câmara Municipal de Porto Alegre disponibilize acesso a imagens dos corredores da Casa.
Barboza, vice-líder do governo, havia pedido registros de câmeras internas sob o argumento de que pretende esclarecer duas questões. Uma delas é se o pedido de impeachment do prefeito foi entregue no mesmo dia em que foi lido em plenário, como justificou a presidente Mônica Leal (PP), ou antes — a entrega com mais tempo possibilitaria que os vereadores lessem a denúncia de 194 páginas antes da sessão marcada para votar a admissibilidade. O outro é desvendar um mistério: conforme o vereador, foi deixado embaixo da porta de seu gabinete, dois dias antes de a denúncia ser apresentada aos parlamentares, um bilhete dizendo que estariam "armando um impeachment na Casa".
O vice-líder havia pedido acesso às imagens à Câmara na semana passada, mas teve sua solicitação negada.
"Aliás, se para qualquer cidadão essa recusa já seria ilícita, não dá realmente para compreender a dificuldade que vem sendo criada para disponibilizar o acesso às imagens para um representante popular integrante da Casa", escreveu o magistrado da 4ª Vara da Fazenda Pública, determinando "a imediata disponibilização das imagens integrais dos dias 19, 20 e 21 de agosto" captadas em "entradas, corredores de acesso a gabinetes e setor da presidência".
Embora Barboza negue esta hipótese, durante o fim de semana circulou a informação de que seu objetivo seria confirmar se a esposa do autor do pedido, Cláudio Francisco Mota Souto, teria ido ao gabinete da presidente. Mônica afirma que não recebeu a visita.
Até a publicação deste texto, a Câmara Municipal não havia sido notificada da decisão da Justiça, e a Diretoria Legislativa interpreta que há possibilidade de recurso.