Uma via tomada pelo azul, preto e branco, mesmo quando não há jogos do Grêmio. Desde a inauguração da Arena, grande parte dos moradores da Avenida Padre Leopoldo Brentano, ao lado do estádio gremista, adaptaram suas casas, sequência de uma dezena de prédios, com fachadas comerciais em alusão ao Tricolor.
— Arena mudou minha vida completamente — diz o motorista José Luís Corrêa do Amaral, 64 anos, que deixou a boleia do caminhão para pilotar a chapa onde produz lanches no que é hoje o ganha-pão da família.
A "residência-bar" foi adaptada para atender a demanda de visitantes: a cozinha para refeições de José, da esposa e dos dois filhos passou do térreo para o andar superior, liberando o primeiro piso, que ganhou refrigeradores, balcão e os fogões industriais. O que antes era garagem agora é o local de mesas e cadeiras.
Em dias de jogo, ele pula da cama já às 5h, para organizar os produtos e pendurar as faixas a fim de atrair a clientela. Com o movimento das partidas, chega a vender até 500 pasteis em uma única noite, e mais outras centenas de lanches como xis, cachorros quentes e até ala minuta. São cerca de 10 diaristas que trabalham nos horários de pico do movimento.
— Cheguei a servir marmita para funcionários do Grêmio. Até advogados do clube. Depois, uma filha que me ajudava saiu do Estado e não dei mais conta — lembra.
Nos dias de jogo, a esplanada em frente à Arena fica repleta, "um mar de gente em frente ao azulão", como carinhosamente classifica o comerciante.
— Quem não abriu comércio está perdendo dinheiro. Poucas casas não são bar aqui —complementa, com alvará em mãos, orgulhoso pela documentação em dia com as autoridades.