Cansados de esperar por uma solução para os assaltos no entorno da Praça Paulo Coelho, ao lado do Estádio Olímpico, em Porto Alegre, moradores e empresários resolveram colocar a mão na massa e reformar o espaço.
Desde a desativação do campo do Grêmio, o terreno foi se deteriorando, tanto no mobiliário quanto no corte da vegetação, de acordo com o investidor Murilo de Camargo, que vive há 40 anos na Avenida Porto Alegre, ao lado da área pública. Motivado por recuperar o seu bairro, ele é um dos mais de 20 que se mobilizaram na Medianeira.
— Sou adepto do "faça acontecer". Coisas limpas trazem energia boa e mais segurança. Estar em um lugar limpo atrai criança. E também o exemplo: quem jogaria papel no chão, já não joga. Quando as pessoas fazem algo, as outras automaticamente se educam — afirma.
Camargo cedeu um cortador de grama, o dono de uma revenda de veículos da Avenida Carlos Barbosa investiu na compra de latas de tinta, uma madeireira vizinha doou sacos de cimento e até um eletricista — também morador da região — recuperou as instalações. As luminárias seguem apagadas. A Coordenação de Iluminação Pública, da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Porto Alegre, informou que a manutenção dos pontos de luz do local serão realizados esta semana.
Em um mês de obra, o espaço ganhou pintura de todos os bancos, troca e limpeza das luminárias, poda e plantio de mais de 10 árvores. O trabalho é reconhecido por quem cruza a praça para esperar o ônibus.
Sou adepto do 'faça acontecer'. Coisas limpas trazem energia boa e mais segurança. (...) Quando as pessoas fazem algo, as outras automaticamente se educam.
MURILO DE CAMARGO
investidor e morador da região
— Está mais confortável. Mais aconchegante. Antes dava medo de esperar na parada. Já cheguei a pegar o primeiro ônibus que passou pra não ficar esperando, por medo — conta a assistente administrativa Jessica Dantas de souza, 28 anos.
Trabalhando em uma obra próximo à Avenida Oscar Pereira, Alvaro dos Santos Viegas, 72 anos, caminha ao amanhecer pelo local:
— Estava horrível antes. Destruída. Arrumada é melhor pra gente, nos sentimos melhor e é mais seguro.
Único contratado pelo grupo, o pedreiro Luciano Pedroso dos Santos, 42 anos, se sente parte da revitalização.
— Está bonito, né? Dá gosto ver que foi trabalho nosso — conta, orgulhoso.
Murilo estima que ainda falte cerca de 50% dos trabalhos para deixar o local como desejado. Porém, já recuperou a autoestima de quem usufrui e ocupa o espaço público.
— Agora, fazemos churrasco pra todo mundo. Pessoal chega, traz uma carne e a gente vai colocando pra assar. No final de semana, é o dia todo essa função, sempre com mais gente — finaliza o investidor, que ganhou um lugar melhor pra morar.