Há trinta e oito anos no cenário cultural de Porto Alegre, o Bar Ocidente, que fica na esquina da Avenida Osvaldo Aranha com a João Telles, no Bom Fim, está de fachada renovada. O roxo tornou-se amarelo, e está chamando a atenção dos pedestres que passam pela região do bairro.
As obras começaram em fevereiro deste ano e terminaram no final de março. A tonalidade escolhida foi o amarelo, pois remete à cor original de quando o proprietário, Fiapo Barth, o adquiriu.
— O prédio precisava de reforma e escolhemos trazer a lembrança da memória afetiva. Dentro do prédio, quando começamos a tirar o reboco, vimos a cor rosa. Não conseguimos chegar exatamente à cor anterior, mas tentamos chegar perto— E ressaltou a importância de "restabelecer a memória efetiva".
Com a reforma, apareceram detalhes que precisam de restauração e mais um retoque de tinta. O Bar Ocidente faz parte do patrimônio cultural da cidade e seu prédio tem características de edificações luso-brasileiras — era um casarão, construído em 1879.
— Originalmente é um prédio colonial, mas está descaracterizado. É listado (como patrimônio) mais pela função cultural do que pela arquitetura.
O motorista, Leonor Fontoura, que estaciona o seu caminhão na frente do restaurante há 36 anos, conta que gostava mais da tonalidade anterior.
— A outra cor era melhor. Essa é apagada, não valoriza o prédio. Com a outra dava para ver de longe a esquina.
A aposentada Marta Lempek, moradora do Bom Fim há 25 anos, almoça semanalmente no espaço. Quando percebeu que o estabelecimento tinha sido pintado, ficou surpresa, pois trouxe a lembrança do passado quando transitava pelas ruas do bairro.
— Uma simples pintura valoriza o prédio. Olha como ficou bonito — afirma.
Enquanto conversava com a reportagem, a aposentada chamou atenção para a importância da mudança para as pessoas, que comentavam a nova cor e tiravam fotos.
A funcionária pública Carolina Bittencourt parou para tirar fotos em frente às obras de arte expostas na parede.
— A cor ficou ótima, aquele roxo era macabro. A cor valoriza tudo, o prédio. Olha como ressaltou o mosaico da Monalisa. Enfim, sou suspeita para falar, adoro amarelo — diz Carolina, sorrindo.