Registradas desde 2016 na Capital e Região Metropolitana, as aparições do escorpião amarelo geram um temor justificado. Com picada bastante dolorida, o Tityus serrulatus tem um veneno que pode ser mortal, a depender da quantidade inoculada e do porte da vítima.
Neste ano, Porto Alegre já registrou 52 notificações da presença do animal e uma de picada. Em Sapucaia do Sul, cerca de 400 aparições foram computadas, sem nenhum caso de acidente. Outra ocorrência foi em Gravataí, no início do ano, quando um escorpião foi avistado na cidade. Para efeitos de comparação, seis cidades registraram a presença da espécie no ano passado.
O alto número de Sapucaia, no entanto, não significa necessariamente que o município tenha maior população de escorpiões. A diferença se dá porque equipes da Vigilância Ambiental realizam monitoramento semanal nos bairros para captura ativa do aracnídeo à noite - o que não ocorre, por exemplo, na Capital.
— O Ministério da Saúde preconiza que a captura tem que ser realizada no período noturno, porque é quando o escorpião amarelo sai do seu esconderijo. Se isso fosse feito em Porto Alegre, o número de animais encontrados seria muito maior — afirma a bióloga Fabiana Ninov, da coordenadoria geral da Vigilância em Saúde da Capital.
O escorpião amarelo aparece em qualquer época do ano e se reproduz por partenogênese, uma espécie de autofecundação. Todo o município de Porto Alegre é considerado infestado pelo aracnídeo, que costuma se abrigar em locais escuros e úmidos, onde há aparecimento de baratas.
A picada do escorpião amarelo pode levar à morte, mas as reações dependem da quantidade de veneno inoculado e do organismo da vítima. O risco é maior entre crianças e idosos. Até o momento, não há registro de óbitos causados pelo animal no Estado.
Na última semana, a reportagem de GaúchaZH entrou em contato com as prefeituras de Porto Alegre e de outras nove cidades próximas para saber onde o escorpião já foi visto. Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Guaíba e Viamão não tiveram nenhum registro.
Veja a situação de cada cidade
Alvorada - Não houve registro do escorpião amarelo neste ano ou em anos anteriores. Os agentes de saúde do município já receberam capacitação sobre os cuidados com o escorpião amarelo e estão equipados com luvas de proteção e pinças longas, caso precisem capturar algum animal. Conforme a bióloga Bibiana Ferreira, do Centro de Vigilância em Saúde, também foram realizadas palestras em escolas, sobre zoonoses e animais peçonhentos, e distribuídos panfletos com informações e medidas preventivas.
Cachoeirinha - De acordo com o diretor do departamento de Vigilância em Saúde, Gelson Braga, nenhuma ocorrência foi registrada no município neste ano nem em 2018. Mesmo assim, segundo ele, a prefeitura efetua trabalhos de prevenção junto às empresas e escolas e orienta os agentes de saúde e de combate a endemias sobre como proceder caso o escorpião seja encontrado.
Canoas - Nenhum caso foi registrado neste ano. Os últimos três foram no ano passado. Segundo Henriete Santos, diretora da Vigilância em Saúde, a divulgação sobre os cuidados é feita pelo site da prefeitura e por intermédio dos agentes comunitários de saúde.
Eldorado do Sul - A bióloga Alessandra Lemos, coordenadora da Vigilância Ambiental e de Saúde, informou que nenhum acidente envolvendo escorpião amarelo foi registrado neste ano e que nenhum caso de aparição do animal foi notificado pela Vigilância Epidemiológica. Nos anos anteriores, também não houve notificações. Segundo ela, a prefeitura vai iniciar campanhas de conscientização junto à população se houver registros do animal na cidade.
Esteio – Não houve nenhum caso na cidade, segundo a secretária de Saúde, Ana Boll. De acordo com ela, assim que houve registros de que em Sapucaia do Sul encontrou-se escorpiões em áreas próximas ao limite entre os municípios, equipes fizeram investigações e montaram armadilhas, mas nenhum animal foi capturado. A prefeitura de Esteio já passou orientações técnicas para as equipes de saúde e distribuiu panfletos à população.
Gravataí - Neste ano, houve apenas um caso de aparecimento do escorpião em uma casa. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Patrícia Silva da Silva, afirma que todo o serviço de saúde da rede municipal já foi capacitado para atender a possíveis novos casos. Atualmente, as equipes orientam a população a não deixar entulho nos pátios e manter a higiene, para não atrair baratas e, consequentemente, o escorpião.
Guaíba - A assessoria da prefeitura informou que não houve nenhum registro de visualização ou picada em 2019. Também não há campanhas de conscientização ou capacitação de agentes de saúde.
Porto Alegre - De janeiro a abril de 2019, foram capturados 52 escorpiões amarelos. Ao todo, houve 116 reclamações registradas pelo telefone 156. Em março, um trabalhador da Ceasa foi picado pelo animal. Ele foi atendido no HPS, ficou em observação e fez exames, mas reagiu bem e não precisou de soro.
—Quando a gente vê ele nas ruas, é porque a população está gigantesca nos esgotos. Esses animais capturados estavam "dando bandeira"— diz Fabiana Ninov, da Vigilância em Saúde
Sapucaia do Sul - Conforme a prefeitura, foram capturados cerca de 400 escorpiões amarelos até abril de 2019. Todos os casos foram registrados nos bairros Piratini e Três Portos. Neste ano, ninguém foi picado. O único caso de acidente registrado no município data de novembro de 2018, em um jovem de 19 anos, morador do bairro Piratini. Ele não precisou tomar o soro, mas foi atendido no hospital da cidade, ficou em observação e passa bem.
"Profissionais da Vigilância Ambiental da cidade foram capacitados em Porto Alegre para poderem identificar o animal. Além disso, equipes da Vigilância têm realizado monitoramentos semanais nos dois bairros, para captura e, também, palestras e atividades de conscientização e cuidados nas escolas do município", informou a prefeitura, por meio de comunicado.
Viamão: A prefeitura não tem registros de aparições ou picadas de escorpiões amarelos em 2019. No ano passado, também não houve casos. Segundo o Executivo, a conscientização da população quanto à prevenção e aos cuidados com escorpiões ou outros animais peçonhentos é feita via internet e com material impresso nas unidades de saúde.
O que fazer em caso de picada
Procurar imediatamente um hospital. Em Porto Alegre, a indicação é ir até o Hospital de Pronto-Socorro ( Av. Osvaldo Aranha, 1234), único local onde há o soro antiescorpiônico. Os enfermeiros dos postos de saúde também estão orientados a fazer o encaminhamento e reconhecer os casos. Depois do atendimento, o acidente deve ser comunicado à prefeitura pelo telefone 156.
O que fazer ao avistar o animal
Ligar para o número 156 e discar a opção 6, da Vigilância em Saúde. A pessoa deve fornecer nome, telefone e endereço. A orientação é que se tente matar o animal com segurança, usando um calçado fechado e, de preferência, cortando o animal. Se possível, o morador também deve fotografá-lo para comunicar o caso à Vigilância em Saúde.