Canoas tem cerca de 700 casas de religião de matriz africana espalhadas pela cidade. Com objetivo de fornecer um mapa virtual dos locais e facilitar o acesso da população, a prefeitura, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Social, criou um cadastro para levantar informações básicas sobre os pontos.
Dados como endereço, telefone, bairro e e-mail, além do número de frequentadores, projetos sociais desenvolvidos, segmento, entre outros, são solicitados.
De acordo com o Diretor das Políticas das Diversidades e Comunidades Tradicionais, Saulo Gil, essa é uma forma de dar visibilidade e aproximar o poder público das casas de religião. O cadastramento começou ainda em 2017, presencialmente e, a partir deste ano, online. Após o cadastro virtual, a diretoria visita a casa afim de conferir se a estrutura está correta e aproveitar para checar outras questões pontuais, como problemas de iluminação, calçamento, que são de competência da administração pública.
– A ideia é disponibilizar esse mapa para que todos possam ter acesso e verificar as informações quando desejarem – explicou Saulo.
Regulamentação
Para o presidente da Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers), Everton Alfonsin, 49 anos, babalorixá da Casa de Caridade Pai Thomé, no bairro Nossa Senhora das Graças, a organização desse cadastro ajudará a regulamentar o trabalho e orientar sobre as diretrizes da Lei Orgânica Municipal. Dados da Fauers mostram que o Rio Grande do Sul tem forte ligação com todas as linhas da religião africana. Cerca de 70 mil casas estão localizadas pelo Estado.
Médium da Pai Thomé há 10 anos, Priscila Pereira, 32 anos, explica que a casa recebe cerca de 120 pessoas todos os sábados para as sessões de atendimento. São seguidores em busca de consulta espiritual, passe e orientações dos guias.
–Várias pessoas vêm até aqui para se consultar, mas muitas vêm em busca de ajuda para resolver problemas de saúde – apontou.
Atendimento e caridade
Babalorixá do Centro Africano Reino de Iansã, Jocelito Ribeiro Constancio, 48 anos, o Pai Zico de Oya, foi um dos primeiros a realizar o cadastro da prefeitura. Para ele, o levantamento será importante para o trabalho de todas as linhas religiosas e possibilitará um conhecimento maior do que é desenvolvido.
– Acho, inclusive, que isso poderia ser ampliado para outras religiões. O mapa poderia conter a informação de todos os locais da cidade– sugeriu.
Muitos dos centros realizam ações sociais e a consolidação das informações também pode contribuir com os projetos. Pai Zico, por exemplo, desenvolve atividades com crianças da comunidade, assim como a Casa de Pai Thomé, que mantém uma entidade de apoio a idosos e crianças.
O cadastro ficará aberto permanentemente, basta acessar o site da prefeitura e preencher o formulário. O mapa estará disponível para consulta em junho.