Um homem de 60 anos foi resgatado após ficar mais de sete horas preso em um buraco próximo aos trilhos do Trensurb em Canoas, na Região Metropolitana. Alderi Klein caiu em um bueiro de 2,5 metros de profundidade, por volta das 20h de terça-feira (21), sendo retirado somente após as 3h desta quarta-feira.
Os bombeiros foram acionados por volta das 22h, pela cunhada de Alderi Klein, Cláudia Santos. Ela e outros parentes só conseguiram falar com o familiar após inúmeras tentativas. O homem atendeu o telefone de dentro do buraco, e tentou explicar onde estava.
— Após sair do hospital universitário, ele ficou horas sem responder, o que nos preocupou. Toda vez que sai, a gente fica com o coração na mão — confessa Cláudia, ao explicar que o cunhado vai regularmente ao hospital para cuidar da esposa, internada à espera de uma cirurgia.
Morador de Sapiranga, no Vale do Sinos, ele não conhece bem a região e caminhou pelos trilhos sem saber que estava em um local de acesso restrito, na área que pertence à companhia.
Os bombeiros tiveram dificuldades em encontrar a localização exata de Klein, que não sabia sequer em qual município estava. Horas depois, ele foi achado na Rua Guilherme Schell, em Canoas.
— Ele estava com pouca bateria (no celular) e tínhamos medo de ficar sem contato com ele. A estratégia foi ligar a sirene e ele avisou quando nos ouviu. Aí limitamos o perímetro — explicou o major Mario Jorge Teixeira.
A família afirma que ele tem dificuldades em se localizar na região, e ao chegar na estação, desceu nos trilhos, caminhando ao lado do caminho das composições.
— Ele andou duas horas, um pouco desorientado, achando que estava indo a Novo Hamburgo — conta o cunhado Silvano Manoel Ribeiro de Oliveira, 45 anos, que participou das buscas. — Eu ligava e dizia "enquanto não te achar, eu não vou embora" — complementa.
Às 3h desta quarta-feira (22), o homem foi finalmente retirado, com ajuda de cabos de aço. Após realizar exames e raio-x no Hospital de Pronto Socorro de Canoas, foi liberado, por volta das 10h.
— Fiquei faceiro (quando vi os bombeiros). Pensei "é agora que vão me achar" e que finalmente vou conseguir sair. (...) Agora vou cuidar mais ao caminhar — conta, com uma perna enfaixada e um ferimento na testa, resultado da queda.
O major Teixeira afirma que a situação é inédita em sua carreira.
— Nunca tinha feito algo assim. Não sabia quantas horas aguentaria sem comida. Não sabíamos o estado dele — lembra.
A Trensurb esclarece que os bueiros entre as estações servem para escoamento da água, e por isso não tem tampa. Explica também que a área é murada, com entrada proibida, devido ao alto risco de acidentes.