O fechamento para reforma da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Caçapava, no bairro Mathias Velho, em Canoas, tem obrigado pacientes a procurar outras unidades de saúde do município. O desvio de fluxo tem impactado em outras instituições e gerado reclamações. Enquanto isso, a reforma da UPA, sem atividade desde janeiro, não tem indícios de começo.
Moradores do Mathias Velho, o pintor Vanderlei Santos, 45 anos, a esposa Vanessa, 41, e a filha Michelly, 12, percorreram cerca de 5,5 quilômetros até a UPA Boqueirão, no bairro Guajuviras, na tarde de segunda-feira, em busca de atendimento para a menina, que sentia dores abdominais.
No local, ela recebeu atendimento, medicação e foi encaminhada para casa. Não fez exames. Mais tarde, as dores voltaram a aparecer. Os pais, então, resolveram procurar o HPS. Michelly deu entrada à 1h de terça, passou pela triagem, fez exames e recebeu diagnóstico de apendicite. A família permaneceu no hospital durante toda a madrugada aguardando encaminhamento para cirurgia, que foi realizada às 11h30min do mesmo dia.
Situação semelhante viveu no domingo o chapista Carlos Lucas, 34, do bairro Estância Velha. Após uma queda em casa, ele foi à procura de ajuda na UPA Boqueirão. Lá, foi encaminhado ao HPS, já que se tratava de um caso de traumatologia. No hospital, passou pela triagem e recebeu classificação verde, que não o enquadrava como urgência. Carlos tinha certeza de que havia fraturado o antebraço e mesmo com muita dor precisou aguardar três horas para ser atendido. A conclusão só veio bem mais tarde: uma fratura de rádio distal e a necessidade de cirurgia.
Desinformação
Aqueles que se encaixam no quadro de baixa urgência também precisam de muita paciência. O ajudante de caminhoneiro Mauricio dos Santos, 18 anos, esperou quase quatro horas para saber o motivo do mal-estar, que se tratava apenas de uma virose.
– Nem sabia que a UPA estava fechada. Demorei três horas e 40 minutos para ser liberado – conta.
O vai e vem é o que mais incomoda os pacientes, além da incerteza sobre o início e fim das obras na UPA Caçapava. Em frente à unidade, um pequeno cartaz indica que as atividades estão suspensas.
Enquanto isso, muitos canoenses seguem indo até o local atrás de atendimento. Comerciante, Fernando Rojas, 53 anos, relata que o local sempre teve grande movimento e que muitas pessoas não sabem do fechamento.
– Está fechada desde janeiro, mas dois meses antes já havia tido paralisação por conta do atraso de salários. Aqui é um bairro muito populoso e muita gente procurava atendimento – revela.
Licitação ainda será lançada
A prefeitura de Canoas informou, por meio de nota, que a obra de modernização da UPA Caçapava está em fase final de projeto e que, até o início do mês de abril, a licitação para escolher a empresa que realizará os trabalhos será lançada. Parte do projeto básico, que é o documento que serve de base para a licitação, teve que passar por ajustes no último mês. Por isso, houve atraso no início dos trabalhos.
A administração informa que realocou os profissionais que atendiam no local para outras unidades. A UPA Caçapava atendia cerca de 150 pacientes por dia, segundo a prefeitura, um número abaixo da média na comparação com outras unidades de pronto-atendimento do município.
A orientação para os moradores que precisam de pronto-atendimento é procurar a UPA Rio Branco ou qualquer outra UPA da cidade. Em situações menos graves, as unidades básicas de saúde.