A Prefeitura de Canoas está remanejando o dinheiro do projeto do aeromóvel para obras de mobilidade urbana na cidade. Em entrevista ao Gaúcha +, na tarde desta segunda-feira (18), o prefeito do município, Luiz Carlos Busato, falou sobre a negociação com a Caixa Econômica Federal e o destino dos cerca de R$ 223 milhões financiados pelo banco que ainda não foram utilizados.
De acordo com o prefeito, quatro planos serão executados com os recursos. O primeiro deles é o de recapeamento de vias. Por não precisar de projeto para a execução, a ação deve ser a primeira a sair do papel. Serão cerca de 70 quilômetros recapeados, com investimento de R$ 72 milhões.
– Acredito que dentro de dois meses nós já conseguiremos ter a licitação finalizada e os trabalhos iniciados – afirmou Busato.
O segundo plano, que necessita de projeto prévio, é a rede cicloviária. Segundo o prefeito, serão 40 quilômetros de ciclovias e 32 estações de bicicletários construídas com investimento de R$ 12,6 milhões.
A revitalização do centro de Canoas também está nos planos. Ao todo, R$ 27 milhões serão gastos em pavimentação de ruas, passeios, iluminação e mobiliário urbano.
Os maiores investimentos serão destinados a melhorias nas avenidas 17 de abril, Boqueirão e Rio Grande do Sul, trecho que originalmente abrigaria a circulação do aeromóvel. Dentro dos R$ 108 milhões que serão investidos nessa parte da cidade, estão inclusas obras na Estação Mathias Velho do trensurb.
Ainda conforme o prefeito, a licitação do transporte coletivo da cidade deve ocorrer em breve, dentro do plano de mobilidade da cidade.
– A licitação do transporte coletivo de Canoas era travada em função do projeto do aeromóvel. O andamento do plano de mobilidade é o que permite a licitação. Dentro do plano, está o edital da licitação do transporte coletivo – explica.
Quando questionado sobre quais vias da cidade serão priorizadas, o prefeito garantiu que a população estará no debate sobre os trechos que mais precisam de manutenção.
O aeromóvel de Canoas
O projeto do aeromóvel foi contratado em 2015, entre a prefeitura de Canoas e a empresa Aeromóvel Brasil, durante a gestão de Jairo Jorge. A primeira etapa previa a ligação entre o bairro Guajuviras e a estação Mathias Velho do trensurb, em uma extensão de 4,6 quilômetros.
Já na gestão atual, a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) apontou inconsistências e irregularidades no projeto original, após análise técnica e jurídica. A entidade também considerou que o aeromóvel não era apropriado para o transporte de massa e não teria viabilidade tarifária.
Inicialmente, o financiamento da Caixa Econômica Federal previa R$ 272 milhões para a execução das obras. De acordo com Busato, R$ 60,4 milhões foram utilizados em fases primárias, como remanejo da rede elétrica e de uma adutora de água – obras que não serão perdidas, já que ficam para o município.
A maior parte da verba inicial, cerca de R$ 45 milhões, foi usada para a compra de vagões, de trilhos, de ventiladores, e de equipamentos do aeromóvel, materiais que ainda não possuem destino certo e não permitem reaproveitamento.