As escolas infantis que vendem vagas à prefeitura de São Leopoldo estão passando por um período complicado em função do atraso e do parcelamento dos repasses que a prefeitura deve fazer às instituições. O dinheiro corresponde ao custo das vagas que a administração pública compra junto a estas entidades.
Segundo a prefeitura, o município adquire 3.475 vagas na educação infantil – de zero a cinco anos – em 14 escolas particulares e em 16 comunitárias.
O problema maior é nas escolas privadas. Isso porque a prefeitura vem atrasando repasses desde o ano passado, conforme relatam duas diretoras de instituições. Além disso, os pagamentos estão sendo parcelados.
– Na semana passada, recebemos a primeira parcela dos pagamentos referentes a janeiro. E já passamos do meio de março, está ficando inviável – revela a pedagoga e diretora da Escola de Educação Infantil Criança Jedidias, Mara Regina Ribeiro dos Santos.
A instituição administrada por Mara fica no bairro Feitoria. Lá, dos 76 alunos, 72 foram matriculados graças ao convênio com o município.
– A prefeitura nos orienta a buscar autonomia para sustentar a instituição. Porém, a maioria dos alunos é conveniada, então, a nossa única renda são os repasses – explica Mara.
A Secretaria Municipal de Educação (Smed) de São Leopoldo esclarece que sugeriu que as instituições busquem melhorias na gestão. E isso pode ser feito por meio de cursos disponibilizados pela Smed. “Por serem instituições privadas, essas escolas não podem depender só do recurso público, elas precisam de uma formação para diversificar sua captação de recursos”, informou a Smed.
Diálogo
Em outra instituição, também no bairro Feitoria, são 95 alunos atendidos por meio do convênio. Com os atrasos, a escola tem buscado empréstimos. Porém, a situação chegou a tal ponto que a diretora, que não quis se identificar, pensa na possibilidade de cessar os trabalhos da instituição. Ontem, devido aos atrasos no pagamento da conta, a energia elétrica foi cortada na escolinha. A direção justifica que está sem recursos para a quitação.
– Se continuar este cenário, onde a prefeitura não nos atende para uma reunião, fica difícil. Sem os repasses em dia, corre o risco de eu ter de entregar a sede pela questão do aluguel – confessa a diretora.
A diretora da creche Jedidias também relata que a falta de diálogo do município deixa a situação ainda mais complicada. Segundo Mara, desde o ano passado, ela e outros diretores pedem uma reunião com a Secretaria Municipal da Fazenda, responsável por organizar os repasses, e também com o prefeito, Ary Vanazzi (PT).
– O edital ainda não permite que nós peçamos ajuda aos pais, porque, em tese, o dinheiro da prefeitura deveria cobrir as despesas. A saída são eventos organizados para arrecadar fundos – diz Mara.