A Trensurb avalia a possibilidade de colocar ar-condicionado em 15 trens da frota antiga caso o aumento da tarifa, de R$ 3,30 para R$ 4,20, sugerido pela empresa, seja aprovado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. A ideia é levantada pelo presidente da Trensurb David Borille em uma carta endereçada ao titular do ministério, Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto.
Na carta, Borille pede para permanecer no cargo, apresenta algumas das ações da sua gestão e expõe projetos que pretende executar caso permaneça na função. Entre eles, trata da colocação de ar-condicionado em 15 dos 25 veículos da Série 100 caso o aumento de 27% na tarifa se confirmar.
Em funcionamento desde 1985, os 25 veículos ainda são os mais utilizados na operação. Dos 15 trens novos, da Série 200 e que possuem climatização, dez estão disponíveis para circular. Os demais estão parados pois dependem de peças de manutenção já encomendadas e que ainda não chegaram à Trensurb. A frota completa deve estar em operação apenas em março, prevê a Trensurb.
Na carta, Borille admite que a falta de ar-condicionado nos trens antigos é "a maior queixa dos usuários". "É comum ver usuários não pegarem um trem quando ele não tem ar-condicionado, esperando o trem seguinte com ar, gerando superlotação nos novos trens", argumenta ele ao ministro.
Em dezembro de 2018, o Conselho de Administração da Trensurb solicitou ao ministério o reajuste da tarifa de R$ 3,30 para R$ 4,20. Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) afirmou que a proposta está em análise e ressaltou que "qualquer mudança no valor da tarifa deverá estar condicionada a novos investimentos no serviço de transporte público na área de atuação da Trensurb, revertidos em benefícios concretos ao usuário".
A Trensurb argumenta que o percentual de aumento dá continuidade a recomposição tarifária que começou em 2018, quando houve acréscimo de R$ 1,70 para R$ 3,30. Procurado pelo Diário Gaúcho, o presidente da Trensurb afirmou que só irá se manifestar sobre o projeto quando o Ministério do Desenvolvimento Regional se posicionar a respeito do pedido de aumento da tarifa.
Controvérsia entre passageiros
Para os passageiros, um novo reajuste, mesmo que acompanhado da instalação do ar-condicionado nos trens antigos, não é bem-vindo. O vigilante Vagner Pereira, 38 anos, de Porto Alegre, acredita que o valor da passagem já é alto e, com novo aumento, teme que o projeto de instalação do ar-condicionado fique apenas na promessa:
– Vamos pagar mais e acabar ficando sem ar. Na pressa, eu pego o primeiro trem que vem e não espero pelo que é climatizado.
Moradora de Canoas, a designer de moda de Maria Helena Silva dos Santos, 56 anos, também não concorda que a climatização dos trens antigos deve depender de um novo reajuste:
– É melhor investir em mais trens novos, então. Não mexer no que já é antigo. Eu não pagaria a mais para ter ar-condicionado, com o valor que a gente paga de tarifa, já era para ter em todos.
Ao contrário da percepção do presidente, há usuários que não esperam pelos trens novos. Pelo contrário, até o evitam. É o caso da auxiliar de cozinha Márcia Silva da Rosa, 45 anos, também de Canoas:
– Desde que descarrilou um dos trens novos (ocorreu em abril de 2015, quando um dos novos trens fazia uma viagem sem passageiros), eu espero o próximo antigo passar, indiferente do ar condicionado.