Aprovada no ano passado, uma lei municipal determina que o tempo limite para que um ônibus seja utilizado no transporte público de Porto Alegre passou de 10 anos para 12 (prazo estendido para 13 anos em caso de articulados ou especiais). O objetivo da medida era reduzir o valor da tarifa. Porém, apenas na frota da Carris, 83 veículos completam 13 anos rodando em 2019 – ou seja, já ultrapassaram o tempo permitido por lei, e deveriam ser aposentados.
Porém, mesmo fora dos seus prazos de “validade”, eles seguem carregando passageiros. Estes veículos representam 23,9% da frota da empresa pública, que tem 347 ônibus.
O problema é sentido pelos usuários, principalmente no verão, quando as altas temperaturas não facilitam a vida de quem anda de ônibus.
– A gente vê que alguns que estão bem velhos. Fazem uma barulheira, são quentes demais, ainda mais no verão – conta a assistente comercial Francine Müller, 32 anos.
A usuária do transporte público se mostrou surpresa com a informação sobre a idade dos ônibus. Sensação que se repete entre outros passageiros, já que a maioria desconhece a idade máxima para a circulação dos veículos.
Sem eles, pior
A informação sobre a idade elevada dos veículos circulou pelas redes sociais nesta semana, como na página Meu Ônibus Lotado, no Facebook. Conforme dados do site Via Circular – portal relacionado ao transporte público que mantém tabelas construídas a partir de dados das empresas e de usuários de todo país –, os ônibus da Carris que estão com a idade acima do permitido são dos modelos Mega 2006, da Neobus, e Viale, da Marcopolo. Fabricados em 2006, os carros circulam com prefixos que vão do 0501 ao 0588.
A sensação da bióloga Jaqueline Lima, 34 anos, que usa a linha D43 para chegar ao trabalho, é de que o serviço ficaria ainda pior se os ônibus forem retirados da rua sem reposição.
– Com certeza prejudicaria várias linhas. E acho difícil que alguma outra empresa assuma esses itinerários – aponta Jaqueline.
Lei será atualizada
Procurada, a assessoria de imprensa da Carris confirmou que os 83 veículos têm mais de 12 anos. A empresa disse que está realizando estudos de viabilidade técnica para renovação da frota. Mas admite que é um processo complicado, “em razão da crise financeira”.
A Carris também adiantou que está aguardando uma reunião com a EPTC para tratar do tema, mas não precisou quando o encontro deve ocorrer.
Cronograma
Já a EPTC informa que deve ser publicado, até o final de fevereiro, um decreto para regulamentar a lei aprovada em junho de 2018. Segundo o órgão, o projeto de lei foi aprovado dois anos após seu envio para a Câmara de Vereadores. Quando foi criado, levava em consideração uma situação do sistema de transporte, que alterou bastante nesse período.
De acordo com a nota enviada pelo órgão, um cronograma será divulgado para a atualização da legislação. A empresa afirma, ainda, que trata sobre a idade dos ônibus junto à Carris.