A greve dos municipários de Porto Alegre, iniciada nesta terça-feira (26), afeta os serviços no Pronto Atendimento Bom Jesus, no bairro de mesmo nome. Às 11h30min, 47 pessoas esperavam por encaminhamento, algumas há quase quatro horas.
Conforme a secretaria municipal da Saúde, dos quatro enfermeiros que deveriam trabalhar nesta terça, somente um compareceu e dos nove técnicos de enfermagem apenas quatro estão trabalhando. A coordenação do posto ressalta que todos os pacientes são atendidos e os casos mais graves têm prioridade.
Foi o que houve com a auxiliar de serviços gerais Lisiane Belém Bragança, 32 anos. O marido dela teve uma convulsão na madrugada, foi trazido ao posto por volta das 8h e só foi atendido após ter uma segunda crise.
— Ele chegou aqui e informamos que ele já tinha convulsionado. Mesmo assim, mandaram esperar. Quando ele teve a outra crise, passaram como emergência — conta, segurando o filho no colo.
A população que procura o atendimento médico no pronto atendimento passa primeiro pela confecção do boletim. Então, aguarda a classificação de risco, o que leva, em média, uma hora e meia. Só depois, os pacientes são encaminhados para o atendimento médico, que, em alguns casos, leva mais duas horas.
A operadora de telemarketing, Laura Cabral, 27 anos, chegou às 8h, foi receber a classificação de risco por volta das 11h20min e, até as 11h40min, não havia recebido o atendimento médico.
— Eu tenho uma infecção urinária e renite. Passei mal a noite a noite toda e não dormi. Agora, não sei que horas vou sair daqui — disse Laura.
A prefeitura informa que esse é o pronto atendimento com maior tempo de espera. No da Cruzeiro do Sul, o atendimento está demorando 20 minutos. No da Lomba do Pinheiro, a situação é mais tranquila, com tempo de espera de 10 minutos.
Paralisação contra projeto
Os municipários anunciaram paralisação por tempo indeterminado a partir desta terça. Eles são contrários ao projeto que altera o plano de carreira dos servidores, enviado pela prefeitura da Capital e que tramita na Câmara de Vereadores. Nesta manhã, o projeto é discutido pelas comissões da Casa e, se aprovado, já pode ser votado pelos parlamentares após 48h. Uma caminhada foi realizada pelo grupo, em direção à Câmara.
Segundo o diretor geral do Simpa, Alberto Terres, a greve irá obedecer a decisão judicial de atender 100% dos serviços essenciais, com 50% da força de trabalho. A adesão e o impacto nos atendimentos serão avaliados no final do dia.
Após a votação pelas comissões, o líder do governo, vereador Mauro Pinheiro, da Rede, vai encaminhar requerimento de sessão extraordinária para que a proposta seja votada ainda na quinta (28).