Entidades relacionadas ao setor cultural consideraram positiva a iniciativa da prefeitura de Porto Alegre que prevê a possibilidade de empresas assumirem a manutenção de monumentos por um período de um a cinco anos em troca de publicidade. Conforme o diretor cultural do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS), Vinicius Vieira, a falta de manutenção permanente tem se mostrado prejudicial a bustos, placas, marcos arquitetônicos e até mesmo a obras de arte da Capital, que sofrem com depredações recorrentes.
– Seria interessante que as entidades tivessem participado dessa construção, mas não quer dizer que não seja uma iniciativa positiva. No atual momento, é necessária a parceria com a iniciativa privada — diz.
O presidente da Associação dos Escultores do Rio Grande do Sul, Lucas Strey, estima que cerca de um terço dos monumentos tenham sido consumidos por vandalismo e maus cuidados, e haveria outros em estágio de degradação avançado. Ele também acredita que as adoções possam ajudar a dar conta de um problema que tem sido colocado em segundo plano pelo poder público por falta de recursos.
– O próprio monumento a Bento Gonçalves, que teve as peças em bronze roubadas, é fruto do descaso. Um dia cai uma letra, depois, outra fica solta, até que retiram todas. Se em um dia acontece e no outro é consertado, dá sinal de que está sendo cuidado, preservado, e, inclusive, vigiado. De que alguém se preocupa com isso – avalia.
Ele destaca, ainda, a importância de, em caso de restauro de monumentos em que o autor esteja vivo, ele seja consultado sobre a intervenção — segundo Strey, houve situações em que o restauro não teve a anuência do criador e resultou diferente do proposto pelo artista.
A lista com os monumentos disponíveis para adoção deve ser divulgada nas próximas semanas no site da prefeitura. Empresas interessadas terão de apresentar proposta que passará por análise da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), podendo ou não ser aprovada. No caso de os monumentos serem tombados pelo Estado ou na esfera federal, as proposições terão de passar pelos respectivos órgãos competentes — Iphae, no âmbito estadual, e Iphan para o que for patrimônio nacional. O prazo de até cinco anos pode ser posteriormente renovado.