Em seis meses à frente da gestão do Hospital da Restinga e Extremo Sul, a Associação Hospitalar Vila Nova (AHVN) tem atingido as metas de atendimento e já negocia com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre o reajuste do valor do contrato.
O diretor-executivo do Hospital da Restinga, Paulo Scolari, afirma que os gastos mensais da instituição superam entre 15% e 18% a quantia que é recebida.
Atualmente, o valor repassado pelo SUS para a gestão do hospital é de R$ 3,7 milhões. A quantia é rateada entre União, Estado e município. Para continuar mantendo os serviços, Paulo afirma que precisaria de um aporte de mais R$ 500 mil a R$ 800 mil por mês.
A SMS não dá informações sobre um possível aumento de verbas, mas informa que acompanha constantemente o fluxo dos serviços novos oferecidos pelo hospital. E que o “realinhamento de fluxos assistenciais pode ou não implicar em realinhamento de custos na medida que estas análises são feitas”.
Ocupação
Até aqui, o hospital, sob a gestão do Vila Nova, tem operado com ocupação de 80% dos 101 leitos de internação e 90% nos 10 leitos de UTI. Até o final de janeiro, foram feitas 1.614 cirurgias, uma média de 269 cirurgias por mês. São realizados procedimentos de baixa e média complexidade, entre os principais estão vesícula, apêndice e retirada de pequenos tumores. Entre exames de imagem e de laboratório, foram feitos 166 mil no semestre.
Já o Pronto-Atendimento de Traumatologia, inaugurado há quatro meses, fez 3,2 mil atendimentos, média de 800 por mês. O local funciona de segunda a sábado, das 7h às 19h, e recebe casos de média complexidade. Um dos objetivos de Paulo é passar a oferecer cirurgias traumatológicas, serviço que precisa ser pactuado com a SMS.
Emergência mais ágil
Um dos pontos mais sensíveis do hospital, a emergência passou a atender mais. Foram 21 mil atendimentos nos últimos seis meses da gestão do Hospital Moinhos de Vento, ante 38 mil atendimentos no primeiro semestre de gestão do Hospital Vila Nova.
A demora para o atendimento no setor era uma das principais reclamações dos usuários. A direção afirma que conseguiu reverter a situação. A meta é que nenhum paciente espere mais do que duas horas, mesmo em casos com pouca gravidade.
– Na emergência, chegamos a ter quatro médicos por turno. Isso com a possibilidade de se chamar um quinto médico, se houver necessidade – diz Paulo.
Morador da Lomba do Pinheiro, o aposentado José Antônio Arrojo Rodrigues, 66 anos, aprovou a agilidade do atendimento. Com dores nos tendões do braço esquerdo, ele disse que preferiu ir ao Hospital da Restinga e não no Pronto-Atendimento da Lomba do Pinheiro:
– Me disseram que aqui seria mais rápido, então vim direto – afirma ele, que chegou às 8h30min desta segunda-feira e, às 10h30min, estava na sala de medicações.
Comunidade quer maternidade, que não está prevista
O Hospital da Restinga foi a primeira opção da manicure Fernanda Vieira da Silva, 35 anos, ao procurar socorro para o filho Samuel, nove anos. O menino, diagnosticado com linfadenite (inflamação dos gânglios linfáticos), chegou com dores na quarta-feira da semana passada e seguia internado na segunda-feira, sem previsão de alta.
– Moro na Hípica e é o hospital mais próximo de casa, onde sempre somos bem atendidos – afirma Fernanda.
O conselheiro distrital de saúde da Restinga, Carlos Alexandre Vargas de Andrade, confirma que a comunidade está satisfeita:
– Temos bom contato e, por enquanto, não há reclamações. A comunidade absorveu muito bem a mudança. Agora, seguimos tentando a abertura da maternidade.
Com espaço físico reservado para o centro obstétrico, o Hospital da Restinga ainda não conta com o serviço pois não está previsto no atual contrato, e não tem previsão de abri-lo. A Secretaria Municipal de Saúde informou que a população atendida pelo hospital é insuficiente para justificar a presença de um centro obstétrico.
A abertura do serviço no local dependeria de uma avaliação conjunta com a Secretaria Estadual de Saúde sobre a necessidade do serviço também em outras cidades próximas à Restinga, o que poderia viabilizar o centro obstétrico no hospital.