A Estação Mercado do Trensurb, em Porto Alegre, virou avenida do samba na manhã deste domingo (2). Assim como um dos vagões da frota, que se tornou uma espécie de carro alegórico, conduzindo cerca de 200 pessoas numa festa sobre trilhos.
A junção, organizada pelo Trensurb e animada pelos músicos do Samba do Irajá, foi para comemorar o Dia Nacional do Samba. O "desfile" foi de Porto Alegre a Novo Hamburgo — com direito a ida e volta. A movimentação animada do público durante o trajeto mostrou que, mesmo com o balanço dos vagões, não faltou perna para sambar.
No trem que partiu por volta das 11h30min da Estação Mercado, diferentemente dos passageiros que já estavam cientes da ação, outros usuários do transporte ferroviário foram surpreendidos com a chegada da turma. Entre eles, a professora Juliana Gomes, 25 anos, realizada por conseguir participar do evento pela segunda vez, sem planejar. Enquanto gravava a apresentação da turma ainda na plataforma, contou que, em outro ano, já teve a sorte de presenciar o samba no trem. Nesta edição, estava acompanhada do filho, Arthur, três anos.
— É uma inciativa linda. Acho sempre válido divulgarem nossa cultura, levarem o samba para frente — elogia Juliana.
Mais surpreso ainda ficou o garçom Daniel Gross, 26 anos. Morador de Barra do Ribeiro, ele notou que a lotação do trem não era comum para um domingo de manhã. Deixando de lado os fones de ouvido, curtiu o som que animava o trajeto até Novo Hamburgo. O balanço do corpo e das mãos, acompanhando o ritmo dos tambores, pandeiros e outros instrumentos tocados pela banda, demonstrou a aprovação de Daniel.
— Podia ter todo dia, ia deixar as nossas viagens bem melhores — brinca o garçom.
Agradou diferentes gerações
Moradora do bairro Harmonia, em Canoas, a cozinheira Carmen Lúcia Silva Pinto, 62 anos, frequenta há anos a roda de samba no trem. Para este evento,levou a neta Raíssa Costa, 17 anos. Empolgada com a comemoração do Dia Nacional do Samba, a guria ficou feliz com o convite.
— Nada melhor do que já começar o domingo numa roda de samba — diz Raíssa.
Para Carmen, a realização do evento demonstra a importância deste ritmo musical na história do país. Ela espera que, nos próximos anos, a ação continue se repetindo:
— Esse evento é muito bom, não podemos deixar ele ser esquecido. Temos que divulgar cada vez mais.
Quem também levou a neta foi para participar da roda de samba foi o mecânico aposentado Gilberto Palmeiro, 73 anos. Junto de Alexia Palmeiro, 12 anos, ele recorda que seu envolvimento com eventos carnavalescos já se estende por mais de 50 anos. Gilberto acredita que ações como a do samba no trem são importantes para demonstrar o valor do gênero puramente brasileiro. E trazer as novas gerações para o ato auxilia na continuidade da ideia.
— Vamos continuar participando sempre que possível, levando o samba para todos os espaços — diz ele.
Para o percussionista L. Pereira, 31 anos, esse foi o primeiro ano como membro da banda que anima o trajeto. Feliz pela oportunidade de divertir a viagem entre a Capital e o Vale do Sinos, Pereira aponta a importância da ação:
— Samba não se faz sozinho, tem que ter banda e público, juntos, conectados pela música. Isso é mais que uma junção, mais que uma festa. É uma expressão cultural da nossa música brasileira.