As médicas cubanas que decidiram permanecer em Guaíba quando o governo da ilha chamou de volta os profissionais do programa Mais Médicos se tornaram solicitantes de refúgio — situação que garante, provisoriamente, direitos como o de exercer atividade remunerada e o acesso a serviços como de saúde e educação. Nesta quinta-feira (20), elas puderam encaminhar as carteiras de trabalho, que devem ficar prontas na próxima semana.
A condição foi conferida pela Polícia Federal três dias depois da publicação de reportagem em GaúchaZH, na qual Doraisy Pérez Laurencio, 33 anos, e Bárbara Reynaldo Fernandez, 52 anos, relatavam o anseio por conseguir retornar ao mercado de trabalho. Consideradas desertoras em sua terra natal, proibidas de retornar durante oito anos, segundo elas, Doraisy e Bárbara não tinham o visto adequado para permanecer no Brasil — os vistos expedidos para a atuação no Mais Médicos eram de estudo — e não conseguiam pedir a carteira de trabalho.
A boa notícia foi dada por Doraisy enquanto participava de um amigo secreto do posto de saúde da Vila Primavera, onde ela atuava pelo Mais Médicos até novembro. Animada, ela contou que os ex-colegas a convidaram para participar e que tirou o nome de uma agente de saúde na brincadeira. Disse que eles têm esperança de que ela retorne ao posto.
Agora, as médicas vão aguardar sair a divulgação de todos os contemplados pelo Mais Médicos — elas voltaram a se inscrever depois de perder a vaga. Se seu nome não estiver entre os selecionados, vão focar-se nos estudos para o exame Revalida — previsto apenas para o segundo semestre de 2019 — e, ao mesmo tempo, passarão a trabalhar fora da sua área para garantir o sustento. Elas já entregaram currículo para vagas em farmácias e como cuidadoras de idosos.
— A gente vai ter que começar a trabalhar em outra coisa, vamos ver. Mas eu confio em Deus que a gente vai conseguir (a vaga no Mais Médicos) — relata.