Se no ano passado, a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito Nelson Marchezan teve apenas 7 votos a favor na Câmara, nesta quarta-feira (3), alcançou perigosos 16. A votação a quatro dias das eleições foi provocada pelo próprio governo, quando retirou o pedido de urgência do projeto da licença-prêmio.
Essa decisão ocorreu no começo da semana, segundo o líder do governo na Câmara, Moisés Barboza (PSDB). O objetivo, segundo ele, era evitar que as eleições "contaminassem" a votação do projeto do funcionalismo.
— Mas foi de entendimento do prefeito que, até antes das eleições, não teria problema em enfrentar isso (a admissibilidade do impeachment), porque tinha convicção de que a denúncia era vazia — disse o líder, que após a votação admitiu que a base trabalhava até com a chance de empate, decidido pelo presidente.
Barboza garante que ninguém foi chamado ao Paço Municipal para negociar. A única articulação, segundo o vereador, foram ligações feitas por ele um dia antes para saber o posicionamento de parte dos vereadores.
O susto de quarta foi uma resposta dos vereadores descontentes com a forma como Marchezan conduz o governo, segundo a líder da oposição, Sofia Cavedon (PT).
— Os vereadores estão começando a perceber que é preciso investigar mais, acompanhar mais as decisões do governo — completa, relatando que houve bastante diálogo entre vereadores independentes e da oposição.
O PRB, que recentemente teve CCs exonerados em massa da prefeitura, foi um dos partidos que votou com o prefeito no pedido anterior de impeachment, mas mudou de posição desta vez. O PDT foi outro. João Bosco Vaz justifica que a denúncia anterior era descabida, mas agora os vereadores chegaram a ficar com dúvidas.
Os parlamentares a favor da admissibilidade ainda não desistiram: eles apresentaram requerimento para a renovação de votação. A Procuradoria da Câmara está analisando se isso pode ser aplicado no caso de uma denúncia. Sofia acredita que ainda é possível virar o jogo.
— Como a margem é muito pequena (a abertura do impeachment foi rejeitada por 18 votos a 16), tem uma chance.