O risco de a obra na Avenida Tronco, em Porto Alegre, parar novamente soou como uma bomba na família do comerciante Manuel Fritz da Silva, 56 anos. Desde a retomada dos trabalhos, ele realimentou a esperança de voltar a ter uma moradia própria, onde pudesse viver com a mulher e os dois filhos. E mais: remontar sua oficina de bicicletas ao lado de sua casa, como tinha antes da remoção.
- Minha mulher está em depressão, minha família não suporta mais essa vida de incerteza! Há quatro anos, minha renda caiu e não tenho como pensar num futuro enquanto não souber meu novo endereço.
O tormento de Manuel começou meses depois do final da Copa do Mundo de 2014. Morador da Avenida Moab Caldas, precisou deixar sua residência, que era também seu ponto de trabalho, para abrir espaço para a duplicação. Com o aluguel social, conseguiu uma casa no bairro Orfanotrófio. Mas não havia espaço para a oficina. O local que encontrou, também durou pouco: também estava na rota das obras. Ficou dois anos sem trabalho fixo, até que conseguiu alugar uma peça perto do Postão da Cruzeiro. Paga R$ 500 por mês.
- A prefeitura prometeu me pagar este aluguel. Mas até hoje, nada. Tenho o contrato para provar. E esta notícia de agora, do risco de a obra parar, é um banho de água fria para este povo que espera uma solução há tanto tempo.
Mobilização
Coordenador da Associação dos Moradores e Amigos da Vila Tronco (Amavtron), Luciano Cardoso é outro que mostrou-se decepcionado com a hipótese de novos revés nas obras. Tanto que já começa a organizar um encontro com a comunidade na expectativa de uma audiência com o prefeito.
- A gente estava dando um tempo para ele. Mas a prefeitura não pode perder o prazo. Confiamos que, desta vez, tudo terminaria bem.