O morador de rua Miti, que transformou em casa o topo de uma flamboyant no Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre, foi retirado do local na manhã desta quinta-feira (16). De acordo com Sergio Roberto Brum, que coordenava a ação da prefeitura no local, a remoção do homem foi uma solicitação de moradores da região. O serviço foi realizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams) da Capital.
— A gente só cumpre o que a população pede — afirma Brum.
Segundo ele, uma equipe da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) deve ir até o local ainda nesta manhã — até a saída da reportagem do local, ninguém havia aparecido. Outros moradores que viviam no interior de uma cancha de bocha, ao lado da árvore, também tiveram que sair do espaço, pois "não podem viver na praça", conforme Brum. Eles não estavam no local durante a ação na manhã desta quinta.
A equipe da prefeitura que trabalhou na ação não passou mais detalhes. GaúchaZH entrou em contato com a assessoria de imprensa do Gabinete do Prefeito, que disse que o homem foi retirado do local porque, devido a altura, corria risco de se machucar. A pasta também argumentou que os pertences dele poderiam cair e ferir quem passa no local.
A Fasc diz ter feito uma abordagem no local na noite de quarta-feira, quando não encontrou ninguém na casa. Nesta quinta-feira, depois da retirada da casa, a equipe esteve novamente no local, conversou com Miti e ofertou os serviços da instituição, "mas a única coisa que aceitou foi a taxa de isenção para retirada de documento, que foi encaminhada pela equipe".
Enquanto arrumava seus pertences, Miti se mostrou abatido por ter de desocupar o local que tinha como lar. Ele também empacotava, em sacolas e pequenas caixas de papelão, objetos que estavam na cancha.
Entre os itens pessoais, Miti reúne um troféu que afirma ter ganhado no Rio de Janeiro após um concurso de luta. Ele conta que, durante alguns anos, utilizou os conhecimentos passados pelo avô para dar aula de kung fu e capoeira a moradores de rua.
Miti afirma que não deve voltar a viver no apartamento da tia, na Padre Chagas, e questiona a ação da prefeitura.
— Eu teria para onde ir. Mas e meus colegas, como ficam? — argumenta. —Hoje mesmo volto para as ruas. Viver em casa, trancado, é muito ruim.