Durou aproximadamente 10 horas a invasão do prédio da prefeitura, uma das mais radicais ações encabeçadas pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) desde o início do governo de Nelson Marchezan.
A seguir, veja como foi o protesto ocorrido nesta terça-feira (7) em 10 momentos:
1 - O início da ocupação
Por volta das 11h, cerca de 200 funcionários públicos ingressaram no prédio, ocupando corredores e o salão nobre. Eles reivindicavam abertura de uma mesa para negociação salarial. Conforme o diretor-geral do Simpa, Alberto Terres, os manifestantes só iriam sair do prédio depois de se encontrarem com o prefeito ou um integrante da prefeitura. Segundo nota da prefeitura, o prefeito Nelson Marchezan estava em agenda externa, enquanto o vice-prefeito, Gustavo Paim, ficou fechado em seu gabinete durante a invasão.
2 - Marchezan envia ofício à SSP
Pela manhã, o prefeito já demonstrava que não estava disposto ao diálogo com os grevistas, que mantêm o movimento desde 31 de julho. Em ofício ao secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, requereu apoio da Brigada Militar para "detenção, identificação e desocupação". No texto, Marchezan solicita o trabalho da BM para que os funcionários que ocuparam a construção no Centro Histórico "possam sofrer as consequências de seus atos danosos — sanções penais, civis e administrativas".
3 - Faixa na prefeitura
Após terem invadido o Paço Municipal, os servidores em greve estenderam uma faixa com a frase "Fora Marchezan". A peça colocada na sacada do prédio histórico, no segundo andar, ia até a escadaria.
4 - Nota da prefeitura
No início da tarde, a prefeitura de Porto Alegre divulgou uma nota criticando a invasão do Paço Municipal. No texto, a ação dos municipários era definida como um "ato de truculência" e "desrespeito flagrante à população". "Esperamos que a Brigada Militar identifique os invasores do Paço Municipal e desocupe o local, preservando a segurança de todas as pessoas", concluía o comunicado.
5 - Denúncia de agressão
O guarda municipal Ivan Marques de Oliveira, 60 anos, registrou um boletim de ocorrência, às 14h11min, na Polícia Civil afirmando que foi agredido por municipários durante a ocupação do prédio da prefeitura de Porto Alegre, iniciada na manhã desta terça-feira (7). Conforme seu relato na 17ª DP (Centro Histórico), ele foi atingido "com socos e chutes, além de paus e bandeiras". Aos policiais, também disse que "não foi possível identificar os agressores".
6 - BM inicia negociação
À tarde, Schirmer autorizou a ida da BM à prefeitura para negociar a saída dos servidores em greve do prédio. O chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Jefferson Jacques, foi ao local e iniciou as negociações. As tratativas, no entanto, não avançavam. Foram feitas três reuniões, mas os municipários exigiam a presença de Marchezan ou de um representante da administração municipal disposto ao diálogo.
7 - Decisão judicial
A 3ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre concedeu, no começo da noite, liminar determinando a desocupação do prédio da prefeitura. Na decisão do juiz Vanderlei Deolindo, ficou estabelecido que, se os funcionários municipais não saíssem do Paço Municipal espontaneamente, o movimento seria multado em R$ 200 mil por hora de descumprimento. Foi autorizada, também, força policial. "Está satisfatoriamente demonstrada a ocorrência de riscos de danos ao patrimônio municipal, situação que exige adoção de medida extrema, inclusive força policial", escreveu o magistrado.
8 - Chegada do BOE e do oficial
No horário do terceiro encontro com a BM, por volta das 19h, chegaram ao prédio o oficial de Justiça e a tropa de choque, respaldados pela decisão judicial. O oficial de Justiça plantonista Luís Rodrigues conversou por alguns minutos com os manifestantes, que acabaram aceitando deixar o prédio espontaneamente. "Foi tranquilo, em paz, sem problema. Prédio sem depredação", sintetizou Rodrigues, ao deixar a sede do Executivo.
9 - Manifestantes deixam o prédio
Pouco antes das 22h, os servidores municipais começaram a deixar o prédio da prefeitura, continuando com cânticos contra o prefeito. Antes de deixarem o prédio, os servidores municipais fotografaram o local, justificando que teriam "provas" de que não houve nenhum dano.
10 - Simpa promete prosseguir
Ao final, o diretor-geral do Simpa avaliou a ocupação: "Fizemos três reuniões, cujo principal interlocutor foi o coronel Jacques da Brigada Militar (chefe do Comando de Policiamento da Capital). O prefeito não teve coragem, dignidade, de enviar um secretário para negociar com a categoria", afirmou Alberto Terres. "Não avançamos nas negociações porque o prefeito e os secretários não negociaram", acrescentou. O sindicato anunciou que segue em greve e tem novos atos programados para esta quarta-feira (8).