A inversão da pauta, antecipando a votação dos projetos do funcionalismo, conferiu à Câmara Municipal de Porto Alegre uma quarta-feira de grande tumulto. Houve confronto entre servidores municipais e tropa de choque da Brigada Militar, e a sessão foi encerrada quando o gás lacrimogênio tomava até mesmo a área do plenário.
O pano de fundo da confusão são os projetos do Executivo que tramitam em regime de urgência, inviabilizando apreciação de outras matérias. Além das propostas que mexem na carreira dos servidores, há outros textos polêmicos, como a revisão do IPTU. O governo, sem maioria, corre o risco de ver sua tentativa de reformular a gestão da cidade fracassar.
O ingrediente extra foi acrescentado pela manhã, na reunião de líderes, quando vereadores mudaram a ordem de projetos do Executivo priorizados para votação, anunciando também sessões extraordinárias, a pedido do governo Marchezan. Foi decidido que as propostas que atingem o funcionalismo, previstas para depois do recesso, deviam ser votadas já a partir desta quarta, revoltando os funcionários do município. Todo o tensionamento culminou na confusão ocorrida à tarde.
Diretor-geral do Sindicato dos Municipários (Simpa), Alberto Terres diz que o governo não esperava que a categoria pudesse se mobilizar tão rapidamente. Terres critica a atuação da BM:
— É antidemocrático. O parlamento é a casa do povo, tem que ter a participação do povo.
Valter Nagelstein (MDB), presidente da Casa, salienta que solicitar a presença da corporação foi necessário.
— Para garantir o direito do Parlamento de votar com autonomia — frisou.
A sessão extraordinária convocada para as 9h30min desta quinta-feira (12), que deve se iniciar com a apreciação do projeto que institui o regime de previdência complementar, será fechada. O presidente acredita que, em razão das confusões desta quarta, as próximas também não serão abertas ao público. Mesmo assim, municipários anunciam que vão se mobilizar na Câmara, com concentração a partir das 7h30min e realização de assembleia-geral ainda pela manhã, junto ao Legislativo.