Nem mesmo os poucos 2,6°C do amanhecer deste domingo (17) em Porto Alegre desanimaram voluntários da comunidade judaica. Eles participaram da campanha Iom Mitzvah – Dia da Solidariedade. O grupo, composto por adolescentes e membros da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, dividiu-se para ir às ruas arrecadar roupas, calçados e cobertores por nove bairros da Capital.
A temperatura gelada não espantou nem os moradores das regiões visitadas. Durante incursão pelo bairro Menino Deus, o que se via eram janelas se abrindo tímidas. Foi o que fez o empresário Paulo Ricardo Mano do alto da sua janela em um prédio da Rua General Caldwell. De lá, ele pediu ao grupo que aguardasse, pois iria buscar uma sacola de roupas dentro do carro:
— Não sabia que eles passariam aqui, mas eu tinha uma sacola pronta para doar a um asilo. Como os vi, eu aproveitei a oportunidade para ajudar as pessoas que realmente necessitam.
Do mesmo edifício, também saiu uma sacola de agasalhos doada pela família do advogado Sérgio Pinheiro Fernandes. Sem nenhuma roupa separada no momento da passagem da caravana, ele contou com a ajuda da esposa para coletar o que fosse possível:
— Já havia doado em outra ocasião. Mas em razão de o pessoal ter passado solicitando e fazendo esse gesto muito bonito, arrecadamos mais coisas. A gente está aqui para ajudar.
Acompanhados por um carro de som, que anunciava a chegada da campanha, os voluntários gritavam animados instigando os moradores a fazerem doações. Assim, pouco a pouco, recebiam todo tipo de ajuda. Ao ouvir a música do veículo, a administradora de empresas Karin Schuck não pestanejou e passou a mão em um par de botas e de calças.
— Sempre tenho coisas separadas para dar quando entra o inverno. Quando ouvi o carro de som, desci correndo seis andares por que o elevador estava parado — contou rindo. — Facilita muito o fato de eles passarem aqui. Foi ótimo, adorei — completou.
Na rua da administradora, pipocaram moradores cruzando as portarias dos prédios com sacolas ou mesmo jogando peças de roupas ou sacos janela afora. De uma forma ou de outra, a vizinhança tratou de ajudar.
— Para mim, o mais legal é quando a pessoa vem com uma sacola na mão e um sorriso no rosto. Aí, o saco é jogado no caminhão e tu vês a pilha aumentando — contou a voluntária Laura Kives, de 17 anos.
Em seu sétimo ano, o Iom Mitzvah pretende, em 2018, superar a arrecadação de 2017, quando o grupo conseguiu 55 mil peças. Satisfeito com a mobilização dos doadores, o vice-presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul Sebastian Watenberg comemora a evolução da campanha, que começou pequena e hoje já atua em diversos bairros de Porto Alegre.
— Já aconteceram situações extremamente curiosas, como o sujeito estar andando na rua e tirar o casaco e jogar no caminhão. A solidariedade é o que mobiliza as pessoas, é algo que todo mundo se sente parte. Especialmente aqui, que faz muito frio.
Ao término da arrecadação, as peças serão levadas para a prefeitura da Capital, que fica responsável pela triagem e distribuição das doações.