Prestes a completar um ano de recomeço, o projeto Ouviravida — Educação Musical Popular busca novos patrocinadores para ampliar o ensino gratuito de música a crianças e adolescentes da Vila Pinto, no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. Hoje, 180 estudantes frequentam as atividades no Centro São José no turno inverso à escola. A meta é dobrar o número de atendimentos.
Idealizado pelo maestro Tiago Flores, o Ouviravida surgiu em 1999 na Vila Pinto, foi ampliado para Alvorada e Gravataí em 2001 e se manteve ativo até 2007, quando a falta de apoio culminou no encerramento do projeto. Dez anos depois, em 2017, com o patrocínio da Dufrio, por meio de financiamento do Pró-Cultura RS, da Secretaria de Estado da Cultura, o projeto retomou as atividades.
Hoje, as despesas são com a compra e a manutenção de instrumentos, o pagamento dos salários dos três professores e da coordenadora pedagógica e os passeios proporcionados aos participantes — uma vez por mês, os alunos são levados para acompanharem concertos de orquestras em diferentes municípios gaúchos.
— Queremos novos patrocinadores para fortalecer o projeto, continuar levando a música para comunidades em situação de vulnerabilidade e trabalhar com a autoestima e a cidadania das crianças e adolescentes — explica Tiago.
Com as aulas gratuitas de percussão, canto, flauta doce e prática de conjunto, Tiago pretende seguir formando cidadãos como o músico Isac Costa Soares, 28 anos, que cursou flauta doce, canto coral e teoria musical no Ouviravida do bairro Umbu, em Alvorada, entre 2003 e 2005. Motivado pelo projeto, Isac fez a faculdade de Licenciatura Plena em Música, no Ipa, concluída em 2013.
— Participar do projeto foi um divisor de águas e mudou as perspectivas da minha vida — resume.
Hoje, Isac estuda trompete na escola de música da Ospa, trabalha na Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, leciona numa escola particular e ainda encontra tempo para ser o professor de flauta doce na atual versão do Ouviravida. Ele acredita no que define como poder transformador da música.
— O projeto é uma grande oportunidade de mudança e de conhecer algo novo, visto que estas crianças e adolescentes vivem uma realidade onde quase nada lhes é oferecido. A gente leva um pouco de felicidade e esperança. E tenho certeza de que isso vai ser lembrado por eles no futuro, porque o projeto vai além da música: ensina cidadania — afirma Isac.
Segundo Tiago, entre os benefícios do estudo da música estão a melhora da autoestima, da concentração, da coordenação motora e do desempenho escolar.
— A música faz com que os alunos se sintam confiantes para irem bem na escola, para encararem desafios profissionais e para serem protagonistas na sociedade, trabalhando a criatividade, a autonomia e a livre expressão através da arte.
Frequentando o Ouviravida desde o ano passado, a estudante do quinto ano Isabele Machado de Jesus, dez anos, viu as notas melhorarem na escola desde que passou a participar do projeto. As baquetas inquietas sobre o tarol, o seu instrumento favorito, dão o tom da animação da menina a cada nova aula de percussão do professor Lucas Kinoshita.
— Eu chego aqui e fico feliz. Na escola, minha concentração melhorou muito. Comecei na flauta doce, mas gostei mais da percussão porque aprendo vários instrumentos ao mesmo tempo. Nunca mais quero parar de tocar — comenta a menina.
Para ajudar
* Contatos podem ser feitos pelo Facebook do projeto: www.facebook.com/ouviravida.
* No mesmo endereço, também é possível acompanhar a abertura do próximo período de inscrições para novos alunos.