É multa gravíssima, que gera sete pontos na carteira e uma multa de R$ 293. Mesmo assim, vagas destinadas a idosos e pessoas com deficiência são utilizadas normalmente por quem não tem nenhum tipo de limitação. Para chamar a atenção de motoristas, a EPTC fez, na manhã desta quarta (13) o contrário: "roubou" vagas comuns para carros usando cadeiras de rodas estacionadas em pleno Centro de Porto Alegre.
Usuário de vagas para pessoas com deficiência há 24 anos, desde que perdeu parte do controle da perna direita em um acidente de trânsito, Idecler Oliveira, 73 anos, resume a questão em uma frase: falta de respeito.
— Queria poder estacionar em qualquer lugar e vir caminhando, mas não posso. Essa vaga é um espaço a que tenho direito diz, apontando para uma vaga especial que ocupava. — Hoje sou eu, mas amanhã pode ser um familiar seu ou você mesmo. As pessoas não pensam nisso, não respeitam.
Oliveira mora no Centro Histórico, onde a escassez de vagas para tanto movimento torna o problema pior. Mas o desrespeito não aparece apenas em locais públicos. Espaços privados, como shoppings e supermercados, também registram o problema. Na falta de convênio com a EPTC, que possibilitaria a fiscalização, é a própria administração dos locais que lida com a questão, de forma que definir.
Atendente na loja em frente as vagas de deficiente da Avenida Borges de Medeiros, Esmael Sauer, 30 anos, conta que é raro ver os locais sendo usados de forma correta.
— Nunca vejo um deficiente na vaga, qualquer um deixa o carro ali. Sai um e vem outro. É o dia todo assim — garante.
Foi para tentar combater essa prática que o órgão que fiscaliza o trânsito em Porto Alegre promoveu a ação "Essa vaga não é tua", na qual colocou três cadeiras de rodas em vagas comuns da esquina Borges de Medeiros com a José Montaury, no centro da Capital.
Diego Marques, da coordenadoria de Educação para o Trânsito da EPTC, explica que a escolha da rua se deu pelo grande fluxo de pessoas no local.
— Nossa ideia foi inverter a lógica. Pegar essas vagas comuns e ocupá-las, para mostrar o quanto isso dificulta o dia a dia.
Motoristas que procuravam vagas e se aproximavam do local, logo viam as placas de "São cinco minutinhos" ou "Já volto", em alusão às desculpas dadas para quem estaciona de forma irregular em vagas de deficientes e idosos. Procurando vagas na via, Leonardo Santos contou que já presenciou o problema em diversos pontos da cidade.
— As pessoas fazem isso porque sabem que não vai dar nada, não têm repeito. É obrigação nossa dar umas voltas a mais e estacionar em local correto. Não tem como justificar — afirma.
Ao longo do mês de junho, outras ações sobre inclusão e mobilidade estão previstas. Na quinta- feira (13), uma mesa redonda debate o problema na Famurs, e no dia 22, uma ação deve ocorrer no estacionamento de um supermercado da Capital.