O projeto Pontal, apresentado nesta terça-feira (12) pela construtora Melnick Even, promete dar uma nova cara à área do antigo Estaleiro Só, na zona sul de Porto Alegre, que está praticamente abandonada desde 1995. Devem ser inaugurados uma torre comercial, um centro médico do Hospital Moinhos de Vento, um shopping center, um centro de eventos e um parque até 2022.
O caminho para erguer os prédios na área tem quase vinte anos de idas e vindas. Após vários leilões fracassados, projetos de lei, debates acalorados, plebiscito e reviravoltas, a cidade deve ver o capítulo final de uma das histórias mais polêmicas da orla do Guaíba.
Confira abaixo uma linha do tempo com a história do Estaleiro Só:
1850 - É inaugurado o Estaleiro Só, uma gigante da indústria naval no Estado. Nas décadas seguintes, a empresa solidificou-se e tornou-se uma referência mundial.
1995 - Devido à decadência do setor naval brasileiro, o Estaleiro Só não resiste e encerra suas atividades. O local fica praticamente abandonado.
2001 - Após três leilões sem interessados pela compra do espaço — já que o regime urbanístico da área proibia atividades não ligadas à indústria naval —, um projeto de lei que retira essa limitação é apresentado pelo então Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano.
Aprovado na Câmara Municipal, o futuro dono do espaço poderia, na época, construir uma marina e edifícios comerciais. O uso residencial, entretanto, estava proibido.
2003 - No quarto leilão da prefeitura, a construtora Titton Brugger, de Porto Alegre, compra a área por R$ 7 milhões.
2006 - A construtora apresenta o projeto Pontal do Estaleiro, que previa hotel, estacionamento, prédios empresariais, marina, parque, área de alimentação e cinco edifícios residenciais — indo contra à legislação aprovada em 2001.
Moradores e ambientalistas se manifestam contrários ao projeto, alegando que os prédios bloqueariam a passagem do ar e a visão do pôr do sol, além de acentuar o trânsito da região.
2008 - Começa a ser discutida na Câmara Municipal o fim da proibição do uso residencial da área do Estaleiro Só. Após a votação ser adiada três vezes, a Câmara aprova a construção de prédios residenciais na orla, por 20 votos a favor e 14 contra. Porém, o então prefeito, José Fogaça, veta a proposta e convoca um plebiscito.
2009 - Em abril, a BM Par, então responsável pela obra, comunica que não pretende mais construir prédios residenciais por não existir “condições objetivas para a implantação, naquela área, de edificações mistas”. Fogaça insiste em manter o plebiscito e, em agosto, mais de 22 mil pessoas vão às urnas. 80% vota contra a construção de prédios residenciais na orla.
2012 - Três anos depois, o projeto é remodelado e prevê um estabelecimento comercial, uma torre de serviços de 26 andares, parque e ciclovia. A prefeitura veta a altura e estipula o limite de 22 andares. O início das obras do chamado "Parque do Pontal" era previsto para o final de 2013 ou início de 2014.
2018 - O projeto é remodelado novamente e apresentado pela Melnick Even — agora, com o nome "Pontal" —, e deve ter as obras iniciadas no início de 2019. A previsão é de que o empreendimento seja inaugurado em 2022.