Capital brasileira com maior mortalidade por câncer no Brasil, Porto Alegre fará parte de um esforço internacional até 2025 para implementar soluções de tratamento à doença em metrópoles com mais de um milhão de habitantes. A capital gaúcha foi selecionada para ser "cidade-desafio" da União Internacional de Controle do Câncer (UICC).
Até o final de 2018, a UICC deve escolher cinco cidades-desafios de uma lista de 20 metrópoles candidatas que foram avaliadas como aptas para o projeto. Bem como Kigali, cidade de Uganda, Porto Alegre foi anunciada como uma das selecionadas ontem à tarde na Assembleia Mundial da Saúde da ONU, em Genebra, na Suíça.
– Isso é importantíssimo. O câncer está no caminho para se tornar a maior causa de mortes naturais em Porto Alegre em dois a três anos, superando doenças cardiovasculares – declara o secretário da Saúde, Erno Harzheim.
A cidade, agora, passará a receber suporte técnico da UICC para, nos próximos dois anos, identificar lacunas, necessidades e prioridades para o desenvolvimento de soluções no tratamento do câncer nas redes pública e privada. Um dos benefícios, segundo a prefeitura, é que a partir do levantamento, a cidade poderá ter acesso a linhas de crédito junto a instituções como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento para implementar soluções.
Mesmo antes do diagnóstico da UICC, alguns gargalos já foram identificados:
– Temos de melhorar o rastreamento dos cânceres de mama, colo uterino e de intestino. Nosso tempo entre o diagnóstico e tratamento não é ruim, mas ainda pode melhorar sobretudo em casos de necessidade de radioterapia. E a questão dos cuidados paliativos, para proporcionar qualidade de vida mesmo em casos sem cura, é um desafio importante – afirma Harzheim.
A candidatura de Porto Alegre junto a UICC foi articulada pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e prefeitura com apoio do Hospital Moinhos de Vento. Na segunda-feira (21), a presidente voluntária da Femama e chefe do Núcleo Mama Moinhos, Maira Caleffi, esteve em Genebra para o anúncio. A ideia é que medidas aplicadas em Porto Alegre e outras cidades-desafios possam ser replicadas em metrópoles de porte semelhante.
– Existe um problema global com o aumento geométrico do número de novos casos (de câncer), mas as soluções precisam ser locais. Com essa experiência, Porto Alegre servirá de modelo nacional para tornar o atendimento oncológico mais rápido e moderno – avalia Maira, desde a Suíça.