Correção: a vereadora Lourdes Sprenger não saiu do PMDB, ao contrário do informado nesta reportagem entre as 20h18min do dia 7 de março e as 9h do dia 8 de março.
Foi definindo sua posse como "um marco na história da cidade" que a primeira mulher transexual a assumir uma cadeira de vereadora em Porto Alegre iniciou seu discurso na tarde desta quarta-feira (7). Luísa Stern ficará três dias na Câmara Municipal, em substituição ao colega de partido Aldacir Oliboni.
— Isso é a quebra de mais uma barreira — sintetizou a advogada e militante dos direitos humanos, enquanto o público presente no plenário comemorava com aplausos e assovios.
A posse de Luísa, na véspera do Dia Internacional da Mulher, ocorreu porque o PT faz um rodízio entre os seus vereadores para dar a oportunidade de os suplentes assumirem e protocolarem propostas.
— É uma conquista duplamente importante: pela data e pelo mandato. É mais uma forma de reconhecer a minha identidade feminina e a de todas as mulheres trans. A gente vem de um segmento da população que é bastante excluído. Ainda que seja por poucos dias, (a atuação na Câmara) tem um simbolismo muito grande, rompe preconceitos e estimula outras pessoas — comenta a vereadora, que integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam).
Diante das galerias coloridas com bandeiras do arco-íris e outras em tons claros de rosa e azul — símbolos dos movimentos LGBT e trans —, Luísa agradeceu o apoio de movimentos sociais e afirmou que apresentará um projeto de lei que prevê a criação de um conselho municipal LGBT.
— Esse conselho já existe em algumas cidades do Interior, mas em Porto Alegre ainda não. Queremos implantar aqui para fortalecer a nossa luta — garante.
A travesti e presidente da ONG Igualdade RS, Marcelly Malta, comemorou a chegada de Luísa ao Legislativo:
— É pouco tempo, são três dias, mas isso causa um impacto muito grande para a sociedade. A gente tem que se empoderar em todos os segmentos. Se a gente não se empoderar em todos os segmentos, sairemos perdendo. Precisamos ter uma voz ativa em todos os espaços. Se não tivermos, quem falará por nós?
A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) elogiou a proposta de Luísa para criação de um conselho LGBT no município e reforçou que a posse da petista intensifica a luta pela igualdade de gênero.
— Tem muitos movimentos LGBTs na cidade, é importante avançar nesse ponto, batalhando pelas políticas públicas. Isso se fortalece na medida que a gente tem uma mulher trans na Câmara Municipal.
Câmara dobra o número de vereadoras mulheres
No Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quinta-feira (8), a Câmara Municipal terá o dobro de vereadoras em atividade comparado à nominata eleita. Natália Alves (PT) exercerá o mandato até sexta-feira (9), em substituição a Marcelo Sgarbossa (PT). Desde segunda-feira (5), Cláudia Vieira Araújo (PSD) atua na vaga de Tarciso Flecha Negra (PSD), que está em licença saúde. Na última semana, Lourdes Sprenger (PMDB) assumiu o lugar de Valter Nagelstein (PMDB), em licença para uma cirurgia. Em razão disso, Mônica Leal (PP) está à frente da presidência da Casa.
— Sou a quarta mulher a assumir a presidência da Câmara em 244 anos, isso é muito significativo, me enche de orgulho. Hoje, somos quatro mulheres entre 32 vereadores aqui, mas esse número dobrou neste mês com as suplências. É muito estimulante para seguir na luta por direitos iguais — afirma Mônica.