Pesou o clima na Câmara. Não será aprovada a proposta do vereador Felipe Camozzato (Novo), que sugeria reduzir em 50% a verba de gabinete – que é uma cota mensal para os parlamentares pagarem combustível, telefone, material de escritório, hospedagem, passagens, impressões e outras despesas do mandato. De R$ 19,3 mil, o limite para cada vereador cairia para R$ 9,7 mil por mês.
A resistência é enorme especialmente porque, no ano passado, entre todos os 36 parlamentares, apenas Márcio Bins Ely (PDT) gastou mais de 50% da verba de gabinete na média mensal. Vereadores entenderam, assim, que Camozzato estaria tentando colher sozinho os louros dessa economia, que é feita por quase todos.
– Isso é uma demagogia barata, de última categoria – esbraveja Clàudio Janta (SD), para depois avaliar: – Nossa Câmara é uma das mais austeras do Brasil, ganha todos os prêmios de transparência. E nossos salários (de R$ 13,5 mil) são menores do que em Canoas, Gravataí, Cachoeirinha e várias outras cidades. Se comparar nossos vencimentos com os dos vereadores de outras capitais, estamos em 25º lugar. Nosso salário é uma vergonha.
Não dá para esquecer que um grupo expressivo de vereadores busca, sim, formas de gastar mais dinheiro da verba de gabinete. Hoje não é permitido, por exemplo, usar a cota com aluguel de carros, aplicativos de transporte e assinaturas de jornais digitais.
* Após a publicação da coluna, Clàudio Janta (SD) ligou para lembrar que o valor de R$ 13,5 mil refere-se ao salário bruto de vereador:
– Líquido, dá em torno de R$ 7 mil a R$ 9 mil. Temos os descontos que todo trabalhador tem. Estamos sem reajuste no salário há mais de nove anos: só temos a (reposição da) inflação. A gente trabalha a semana inteira, bem diferente de outras Câmaras fora da Capital, onde o salário é maior e ocorre apenas uma ou duas sessões semanais. As pessoas precisam entender que salário baixo afasta bons quadros do parlamento, porque o nosso trabalho consome muito tempo e obriga o vereador a abrir mão de sua atividade profissional.